segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Manifesto Porta na Cara







Se VOCÊ se sentiu alguma vez agredido ou desrespeitado ao tentar entrar na SUA agência bancária para movimentar a SUA conta, ou seja, SEU dinheiro, assine o MANIFESTO PORTA NA CARA pedindo a mudança da porta de segurança das agências para um sistema de Raio X ou um equipamento de segurança que realmente mostre os pertences que estão sendo conduzidos pelo cliente. As atuais portas são travadas até por uma moeda e você depende da boa vontade do vigilante para destravar a porta e permitir sua entrada no banco. Vamos mudar essa situação e pedir aos bancos que renovem seus equipamentos. Eles podem investir num equipamento de segurança melhor, que implique em menos constrangimento aos seus próprios clientes e usuários.
O Circo Voador (e o blog Autonomia e Autogestão) acredita(mos) que as pessoas devam ser tratadas com dignidade. Agora queremos saber a SUA opinião.


Assine o Manifesto Porta na Cara

http://www.petitiononline.com/porta/petition.html





P.s.: Eu sei q o vídeo ultrapassou a largura da postagem do blog. Mas o vídeo é foda, e mesmo ele cagando no blog, ele vai ficar onde está.

A vergonha da igreja católica na terra de Saint Patrick



Na última quinta-feira, foi divulgado um relatório de mais de 700 páginas sobre uma investigação de abusos cometidos por membros da igreja na região de Dublin. De acordo com o documento, a instituição encobriu casos que aconteceram em 30 anos contra centenas de crianças em instituição católicas locais.

Os irlandeses ficaram ainda mais horrorizados com o fato de que todos os que estavam na posição de arcebispo durante o período de 1975 e 2004, sabiam o que estava acontecendo, mas simplesmente ignoraram o fato, o que deixa claro que a prioridade da diocese era a instituição e não as crianças.

St Ann's Church


A divulgação desse relatório, levantado por uma Comissão Especial de Investigação, teve uma grande repercussão na Irlanda e na imprensa internacional, uma vez que o documento relata em detalhes os abusos que foram cometidos por 102 padres. Um dos casos relatados, fala sobre um padre que admitiu ter abusado de mais de uma centena de crianças e um outro que cometia abusos pelo menos uma vez a cada quinzena durante os 25 anos de seu ministério.

De acordo com o “The Irish Times” - um dos principais jornais da Irlanda – o relatório ainda diz que durante a investigação, a comissão enviou diversas cartas ao Vaticano para obter mais informações sobre os abusos, porém todas elas foram ignoradas.

O arcebispo de Dublin Diarmuid Martin pediu desculpas aos que sofreram abusos, mas afirmou que nenhum pedido de desculpa seria suficiente.

Esse é o segundo relatório divulgado pela Comissão de Investigação esse ano. O primeiro, relatava abusos cometidos de 1930 a 1990 em escolas católicas espalhadas por todo país. Os dois casos deixaram os irlandeses indignados, especialmente pelo fato de terem sido encobertos pela igreja, a Instituição que até então era respeitada e que sempre exerceu grande influência na Irlanda.

O mais triste é que todos os envolvidos provavelmente sairão impunes, enquanto os que sofreram os abusos, terão passar o resto da vida tendo que conviver com o trauma.

Mas e a credibilidade da igreja católica? Bem, essa eu acho que vai ser difícil de recuperar...

Atualização: Hoje, dia 11/12, o papa diz que irá rezar pelas vítimas e por suas famílias. Que bom! Pelo menos ele vai zer alguma coisa.




Fonte: Blog Terra de St. Patrick

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

25 de novembro - Dia MUNDIAL sem carne

(Clique na imagem para ampliar)

Neste dia, ao invés de comer carne, alimente um animal, pense na vida
que você quer para você e o mundo, pense no futuro dos seus filhos:
que planeta vamos lhes deixar?

O Dia Mundial sem Carne, Meatless Day, é uma campanha mundial lançada
para envolver tanta gente quanto possível, num compromisso de se
abster de toda a comida oriunda de violência (carnes bovinas, de aves,
peixes, etc), somente por este dia.

Essa campanha foi criada pela Missão Sadhu Vaswani, um santo da Índia
moderna cuja filosofia de vida inclui compaixão por todas as
criaturas. Sadhu Vaswani foi um Profeta da Reverência à vida, a voz
dos sem voz. A campanha do Meatless Day é um alerta sobre a
destruição provocada pela inconsciência do homem que queima as matas
sem a menor compaixão pelas espécies que vivem nas florestas.

Um alerta para o homem que ainda guarda o espírito predador, que
retira de seu habitat os animais, deformando sua constituição
genética para o próprio prazer e uso; o homem que fere mortalmente a
terra da qual obtém a vida, o homem, único animal realmente nocivo,
que mutila, fere e mata, sob tormentos cruéis, animais sem defesa.

Um alerta para que este ser chamado homem, detentor único da
racionalidade, corrija suas atitudes, resgate o respeito pelos seus
semelhantes e viva em harmonia e reverência com o milagre diário da Natureza.

Neste dia, alimente um animal, ao invés de se alimentar dele.

Fonte: Jornal de Yoga - boletim informativo da Casa de Yoga

"Enquanto estivermos matando e torturando animais, vamos continuar a torturar e a matar seres humanos - vamos ter guerra. Matar precisa ser ensaiado e aprendido em pequena escala." - Edgar Kupfer-Koberwitz

"Enquanto prendermos animais em gaiolas, teremos prisões, porque prender precisa ser aprendido em pequena escala." - Edgar Kupfer-Koberwitz

"Enquanto escravizarmos os animais, teremos escravos humanos, porque escravizar precisa ser aprendido em pequena escala." - Edgar Kupfer-Koberwitz

FONTE: Hábitos e Habitat

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Hotel Ruanda

Aproveitando o tema...


''Hotel Rwanda'' é um filme de 2004 dirigido por Terry George e estrelado por Don Cheadle, Nick Nolte, Joaquin Phoenix, Desmond Dube e Sophie Okonedo.

O filme é uma co-produção da Itália, Reino Unido e África do Sul, e relata a história real de Paul Rusesabagina, que foi capaz de salvar a vida de 1268 pessoas durante o genocídio de Ruanda em 1994. Logo depois das primeiras exibições, sua história foi imediatamente comparada com a de Oskar Schindler.


Enredo (contem Spoiler)

A história se passa em Kigali, capital da Ruanda em 1994, no que ficou conhecido por Genocídio de Ruanda. Paul Rusesabagina (Don Cheadle) é gerente do ''Hotel des Mille Collines'', propriedade da empresa belga Sabena. Relata um período de aumento da tensão entre a maioria hutu e a minoria tutsi, duas etnias de um mesmo povo que ninguém sabe diferenciar uma da outra a não ser pelos documentos.
Tudo começa quando o presidente de Ruanda morre em um atentado após assinar um acordo de paz. Imediatamente os hutus creditam o crime aos guerrilheiros tutsis, dando início ao genocídio de tutsis e hutus moderados.
Neste instante, Paul tenta proteger sua família, mas com iminente massacre generalizado, compra favores para proteger seus vizinhos que haviam pedido abrigo em sua casa na primeira noite de atrocidades.
Com a continuidade da tensão e mortes de governantes, os turistas partem enquanto que no hotel, aumentam a quantidade de vítimas que procuram abrigo e proteção (forças do EUA) fazem a segurança do mais novo "hotel de refugiados" .
Pela compra de favores dos militares e da milícia Interahamwe, Paul consegue manter o hotel a salvo. O Coronel Oliver, interpretado por Nick Note, é um personagem fictício que representa os militares canadenses no comando das Forças de manutenção da paz das Nações Unidas da Missão de Assistência das Nações Unidas para Ruanda (UNAMIR), que tentam proteger vidas mesmo com a falta de tropas.

Um momento de esperança resplandece quando tropas belgas surgem, mas estas têm a única missão de resgatar os estrangeiros, não tendo como objetivo interromper o massacre de tutsis pelos hutus.

Com a saída dos estrangeiros do hotel, Paul inicia negociações com o General Bizimungu (Fana Mokoena) para conseguir proteção policial porém não consegue.

Tentam uma saída para alguns membros, mas entraram numa cilada que quase acabou com a familia de Paul. Na outra tentativa, escoltados pelas forças da Onu cruzam com rebeldes tutsis, e chegam até o campo de refugiados, "mais seguro" e que dali poderiam partir para a Tanzânia.

Paul é Hutu e sua mulher, Tatiana é Tutsi. Ele havia sido treinado na Bélgica para administrar o hotel quatro estrelas Mil Colinas, localizado em Kigali, capital da Ruanda, quando a tensão secular crescente explodiu em uma guerra total. Durante cem dias, perto de um milhão de pessoas morreram baleadas, queimadas ou esquartejadas, num dos massacres mais sangrentos de todos os tempos e que a comunidade internacional fez muito pouco para evitar ou sequer tentar interromper.


Num comportamento que já foi comparado ao episódio tratado em A Lista de Schindler, Paul escondeu na propriedade 1200 Tutsis, entre eles alguns empresários e políticos, que seriam os primeiros alvos dos Hutus.


Trailer:


http://www.youtube.com/watch?v=aUjawg5IZ4Q

Download:

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ou

http://fileho.com/download/e8f3d1440295/Hotel.Rwanda.DVDRip.XviD-MFUL.by.rockgirl.avi.html

Fontes:

Wiki
Orkut

Ruanda: Mémorias de um Genocídio


O genocídio praticado em Ruanda é o evento mais trágico da segunda metade do século passado; todavia, dez anos depois, ele está quase totalmente esquecido. A hecatombe de 1994 deve ser lembrada, estudada, analisada, discutida, porque contém um grande número de lições que nos ajudam a entender melhor nosso tempo. Os massacres de 1994 não são frutos de uma explosão de loucura coletiva, mas a máxima expressão de um ódio muito antigo.

A Ruanda pré-colonial certamente não era um país onde todos gozassem de suficiente dignidade e oportunidade; havia divisões sociais, tribais; as monarquias distribuíam privilégios e riqueza de maneira articulada. Mas os colonizadores – inicialmente alemães e, depois, belgas – tiveram grande responsabilidade na exasperada divisão do país entre dois grupos rivais, os hutus e os tutsis. Em 1932, quando os belgas criaram o documento de identidade étnica, chegou-se a uma situação sem retorno: os twás, além dos hutus e os tutsis, viram-se oficialmente divididos.

Os colonizadores atribuíram privilégios e cargos de comando apenas a uma restrita elite dos tutsis, despertando o ódio crescente nos hutus. Depois de deixar o país, os colonizadores assistiram à tomada do poder pela maioria hutu, até então oprimida, sem a preocupação de refrear as tensões causadas por sua política criminosa.

Durante os anos setenta, quando Juvenal Habyarimana chegou ao poder, um grande número de países ocidentais concedeu ao país enorme crédito político, mas principalmente econômico. O auxílio externo equivalia a 22% do Produto Interno Bruto, com rasgados elogios do Banco Mundial, apesar de Habyarimana reprimir de modo sistemático e duro os dissidentes.

Antecedentes da guerra civil

O envolvimento de potências estrangeiras, e sua conseqüente responsabilidade, foram crescendo cada vez mais. A aceleração na direção do genocídio agravou-se em 1990. A Frente Patriótica Ruandesa, formação político-militar dos tutsis egressos do país após o fim do colonialismo, atravessou a fronteira da Uganda e iniciou a guerra civil. A França se alinhou ao governo de Habyarimana mas, para alimentar o conflito, chegaram também armas egípcias, britânicas, italianas, sul-africanas, israelenses, do Zaire e de outros países.

Ruanda, pequeno país, famoso por sua miséria, tornou-se o terceiro país africano na importação de armas. Entre janeiro de 1993 e março de 1994, graças sobretudo a financiamentos franceses, adquiriu da China 581.000 machetes (sabre de artilheiro, com dois gumes), armas impróprias, mas de preço acessível. Nenhuma potência ocidental ou organismo internacional monitorou seu comércio, nem impôs proibições; assim é que, nos mercados de Ruanda, é mais fácil encontrar granadas do que frutas ou verduras.


Acordos de papel

A ONU, a OUA (Organização para a Unidade Africana) e alguns governos resolveram sentar-se com Habyarimana e a Frente Patriótica para discutir um documento elaborado em Arusha, na Tanzânia. Os representantes de cada parte assinaram um articulado Tratado de Paz, que permaneceu apenas no papel. Por outro lado, nenhuma das organizações envolvidas, nem mesmo a diplomacia dos países ocidentais, preocupou-se em verificar o que estava acontecendo de fato. E os dois contendores continuaram a se armar até os dentes.

Em Ruanda, a violência contra os tutsis foi aumentando semana a semana. Algumas partes do Tratado são de fato contraproducentes e nada fazem, senão incitar mais ainda os extremismos. Controlada pelo clã Akazu, ligado à mulher de Habyarimana, a imprensa hostilizou duramente os acordos e gerou um veículo que se tornou tragicamente famoso pelo seu incitamento ao ódio durante o genocídio: a Rádio Mil Colinas. Não obstante este crescimento, a missão dos capacetes azuis (da ONU), enviada a Ruanda para ajudar na implementação dos acordos, foi particularmente frágil.

Sinais ignorados

O general Romeu Dallaire comandava as tropas da ONU. O objetivo era manter a paz, mas, no “país das mil colinas” não havia paz. No dia anterior à sua chegada em Ruanda, o domínio militar tutsi ameaçou o primeiro presidente democraticamente eleito na história do vizinho Burundi, o hutu Ndadaye. Houve confrontos e cinqüenta mil pessoas, na maioria hutu, perderam a vida. Outros fugiram para a Ruanda meridional. Não era o primeiro massacre de hutus causado pelos tutsis do Burundi, e nem o pior, pois, em 1972 foram massacrados pelo menos 200.000, seguido de um presumido golpe de Estado.

A violência, provocada pelos militares tutsis do Burundi, alimentou cada vez mais o ódio dos hutus contra os tutsis de Ruanda. Dallaire entendeu logo o que estava acontecendo: havia urgente necessidade de uma força multinacional, preparada para refazer a ordem, interromper a chegada de armas, garantir a segurança dos civis e dos líderes políticos. Desde dezembro de 1993 até abril de 1994, Dallaire implorou-a outras vezes a seus líderes, à ONU e a quem encontrasse. Não foi ouvido.

Em 6 de abril de 1994, o presidente Habyarimana foi morto, não se sabe por quem. A guarda presidencial, parte do exército e um número enorme de esquadrões da morte, perseguiram os tutsis, conforme um plano bem elaborado. As vítimas do extermínio, segundo estimativas cautelosas, foram quinhentas mil; segundo os maiores críticos, um milhão. Dallaire reuniu outros cinqüenta mil homens, convencido que seriam suficientes para acabar com os massacres.

Mas, na manhã do dia 7 de abril, dez capacetes azuis sob seu comando foram mortos e o Conselho de Segurança (da ONU) decidiu pelo retorno da maioria dos soldados da missão. Dallaire manteve quatrocentos capacetes azuis, quase todos da Tunísia e de Gana. Eles salvaram 25.000 pessoas, mas o genocídio acabou somente quando a Frente Patriótica venceu a guerra civil.

Os soldados tutsis da Frente, bem preparados e disciplinados, não economizaram represálias, ataques a órgãos civis, como hospitais e igrejas. Sua operação não tinha as intenções genocidas dos extremistas hutus, mas os crimes de guerra, pelos quais foram responsáveis, precisam ser duramente condenados.

A retirada

As potências ocidentais, ao abandonarem Ruanda a si mesma, não se cansam de justificar seu comportamento. As mensagens de Dallaire à ONU, levadas ao futuro secretário Kofi Annan, não citaram seus próprios erros, mas afirmavam ter feito todo o possível. O presidente dos Estados Unidos na época, Bill Clinton, que exigira uma intervenção internacional para evitar os massacres, desculpou-se afirmando que não sabia o que se sucedia em Ruanda.

A Bélgica pediu perdão, mas responsabilizou os próprios Capacetes Azuis por tudo. Também acusou o Vaticano e os líderes de outras religiões.

É verdade que muitos líderes da hierarquia religiosa, tanto católica, como anglicana, estavam comprometidos com o regime extremista dos hutus. Porém, naqueles meses, foram mortos 103 padres, 76 freiras e 53 irmãos consagrados.

Os únicos que não pediram desculpas foram o governo e o parlamento francês, que também haviam sustentado os extremistas hutus, até depois da morte de Habyarimana. Comentando uma pesquisa elaborada em 1998, o parlamento de Paris admite algumas falhas, mas insiste que “ninguém fez tanto quanto a França para estancar a violência em Ruanda”.

A atuação da ONU

(Localização de Ruanda)

Sobre as mil colinas de Ruanda morreu a esperança que, com o fim da bipolaridade EUA/URSS, a ONU poderia mostrar ao mundo um futuro de paz. Nos primeiros anos da década de 90, as Nações Unidas se empenharam em dezenas de campanhas pela paz. Foi a melhor demonstração da capacidade do Palácio de Vidro de ser incisivo e eficaz para prevenir situações de crise. Mas não em Ruanda, onde todo otimismo foi sepultado sob montanhas de cadáveres.

Faliram os órgãos responsáveis pelas campanhas, o secretariado geral, o Conselho de Segurança. A Assembléia Geral e a Comissão dos Direitos Humanos nada fizeram. A ONU foi um organismo inútil. A ONU tinha os meios para compreender o que acontecia e sabia como interferir. Poderia prevenir os massacres, se tivesse ouvido os pressentimentos de Dallaire. Poderia interromper ou, ao menos, limitar a violência entre abril e julho de 94, se tivesse enviado reforços que o general pedia com tanta insistência.

Poderia afrontar com eficácia as questões dos refugiados antes que acontecesse “a guerra mundial africana”, se interviesse a tempo, e se utilizasse melhor os recursos econômicos da Instituição para os casos de emergência. O fracasso da ONU em Ruanda foi culpa da irresponsabilidade pessoal de funcionários e de dirigentes. Será inútil pedir sua reforma, sem discutir – abertamente e com transparência –, os comportamentos do seu pessoal.

O genocídio ruandês é um dos piores eventos na história da humanidade. Entre os responsáveis, alguns começam a pagar pelos seus atos. Mas, entre os que podiam interferir para bloqueá-lo e não o fizeram, ninguém se preocupa. Hoje está difícil conseguir a estabilidade em Ruanda. O país está nas mãos firmes de Paul Kagame, desde as vitoriosas eleições do último verão. Ele é o general tutsi que, em 1994, levou a Frente Patriótica à vitória sobre a guerra civil.

Seu governo obteve importantes resultados econômicos e sociais, mas responde por graves violações de direitos humanos, de limitações à liberdade individual. Está ainda envolvido, não tanto como no passado, na guerra que levou à morte outros três milhões de pessoas na República Democrática do Congo. A situação da justiça e as condições de vida nas prisões do país são gravíssimas.


Paz, desenvolvimento, direitos humanos


Há quase dez anos de distância, Romeo Dallaire finalmente contou sua versão a respeito dos fatos, em um livro publicado em outubro de 2003 (Shake Hands With the Devil, Random House, 500 págs). Na conclusão de sua obra, o autor afirma ter repensado sobre o ódio que devastou Ruanda; sobre os milicianos que guerrearam no Congo e sobre a violência terrorista, que é a base dos ataques suicidas, tanto em Manhattan como em Israel.

Segundo o general, este ódio deve ser erradicado e isso só pode acontecer de um único modo: trabalhando contra a pobreza, na defesa dos direitos humanos, fazendo com que – para usar suas palavras – como o século 20 foi o século dos genocídios, seja o século 21 o século da humanidade.

Fonte: Revista África

Parem!


Parem de matar!

Parem de sofrer!

Parem de odiar!

Parem de morrer!

Letra (escrita por Dinho) de uma das músicas da Banda Exclusos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mude a si mesmo e mudarás o mundo



Antes de apontar o dedo para encobrir o grau da culpa procure, perguntar, questionar, "O que faço para melhorar se nada faço para mudar"?
Uma opção a trilhar é "pensar globalmente e agir localmente" não há como abraçar o mundo só, ao cair no abismo aceite a ajuda do verdadeiro ombro amigo, inspira humildade, é bom sinal a libertação está acontecendo.
“NEGAR A MÃO ESTENDIDA MUITAS VEZES ANULA SI MESMO”.



Por João Paulo (joaopunkcore@hotmail.com)

Anarquismo


A palavra anarquismo tem origem no termo grego ánarkhos, cujo significado é, aproximadamente, "sem governo". O anarquismo é freqüentemente apontado como uma ideologia negadora dos valores sociais e políticos prevalecentes no mundo moderno: o Estado laico, a lei, a ordem, a religião, a propriedade privada etc.

De fato, como ideologia libertária e profundamente individualista, o anarquismo defende a ruptura com todas as formas de autoridade política e religiosa, a propriedade privada e quaisquer outros tipos de normas institucionais que cerceiem a liberdade do indivíduo em sociedade e na esfera da vida privada.

Anarquismo e comunidade fraterna
As doutrinas de inspiração anarquista defendem a idéia de que a supressão de todas as formas de dominação e opressão vigentes na sociedade moderna daria lugar a uma comunidade mais fraterna e igualitária. Mas a igualdade e a solidariedade comunitária seriam resultados de um esforço individual a partir de um árduo trabalho de conscientização.

Os movimentos anarquistas do século 20 promoveram a criação de núcleos comunitários denominados de "ateneus", para onde eram encaminhados os adeptos desta ideologia e que servia de aprendizagem e aperfeiçoamento intelectual. No Brasil, a primeira experiência desse tipo foi a criação da Colônia Cecília, em 1890, que foi dirigida por imigrantes italianos.

Origens do anarquismo

Não há consenso entre os historiadores sobre as origens da ideologia anarquista. Mas é possível afirmar que alguns pensadores e teóricos, como o inglês William Godwin, que em 1793 publicou o livro "Enquiry Concerning Political Justice" (cuja tradução é Indagação relativa à justiça política), o francês Pierre-Joseph Proudhon, que em 1840 publicou "Qu'est-ce que la propriété?" (cuja tradução é Que é a propriedade?), e o alemão Max Stirner, que publicou "Der Einzige und sein Eigentum" (cuja tradução é O indivíduo e sua propriedade), influenciaram decisivamente o conteúdo da ideologia anarquista.

O anarquismo influenciou importantes movimentos sociais no transcurso do século 19 até a metade do século 20.


Movimentos anarquistas

A crítica da propriedade privada e do Estado burguês feita pelos ideólogos anarquistas resultou no desenvolvimento do trabalho de conscientização e mobilização das massas proletárias (ou seja, o operariado). Em muitos aspectos, a ideologia anarquista se assemelhava à ideologia socialista - principalmente no tocante a luta de classes, a defesa das classes oprimidas, a crítica da propriedade privada, da sociedade e do Estado burguês. Por conta disso, durante décadas os anarquistas e os comunistas se aliaram na organização dos movimentos revolucionários.

Na Europa do século 19, destacou-se o trabalho do intelectual e revolucionário russo Mikhail Bakunin, responsável pela sistematização de muitos princípios, idéias e valores que vão compor a ideologia anarquista. Bakunin inspirou inúmeros movimentos anarquistas por todo o continente.

Anarquismo no Brasil
No Brasil, a ideologia anarquista foi introduzida pelos imigrantes europeus, principalmente os italianos e espanhóis. Os anarquistas foram os responsáveis pela organização dos primeiros movimentos operários e sindicatos trabalhistas autônomos. Eles lideraram as greves de 1917, 1918 e 1919, ocorridas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Entre os militantes anarquistas brasileiros, destacam-se o jornalista Edgard Leuenroth, o filólogo e professor José Oiticica e o intelectual Neno Vasco. A partir da década de 1920, os anarquistas progressivamente se afastam dos socialistas e, cada vez mais, perdem influência social e política. Após a Segunda Guerra Mundial, a ideologia anarquista entra em declínio em praticamente todos os países.

Por Renato Cancian
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Fonte: Uol Educação

Por favor, comentem o texto

domingo, 22 de novembro de 2009

A vontade é a força que move a resistência


Valorize a simplicidade de todas as coisas, se lhe atirarem uma pedra não retribua construa sua obra.
Sentir vale mais que todo ter, valorizar emoção é um gesto de se libertar, pense, construa, almeje a sinceridade perdida no anseio de seu coração. Nascemos quando erramos: vale a pena fazer, tentar, refizer, se reerguer e novamente cair. A vitória é maior quando mais difícil se torna a luta; o segredo da batalha é o INSTINTO COLETIVO.



Se coloque na dificuldade, serve como um espelho no quintal, para viver e aprender primeiro se erra e com o erro assim crescer.
Medo é limite imposto por você mesmo, rasgue receitas, descubra o mundo, a cabeça não aguenta quando se para, viva o novo conserve sentimentos, burle leis e ande ao lado da noção do tempo, ele vem, ele vai, ele é razão, cura emoção, preste atenção e aprenda com ele, está no imaginário, no presente no passado no futuro, nos pensamentos e no seu obscuro.
"VIVA A VIDA, PERSISTA PARA VENCER SONHE PARA REALIZAR E MUDAR"(...)


Por João Paulo (joaopunkcore@hotmail.com)

sábado, 21 de novembro de 2009

''Julgar quem é a si mesmo é impor demais "(...)


Navegando por estradas sem fim, o anseio pela vida desdobra por nós, uns sentem outros não.
Quem vai? Quem vem?
Quem percebe? Quem sente?
E por qual motivo, razão e horas ou circunstâncias, existiras algo por trás?
Tanto se olha pelo espelho do quintal, emoções refletidas remoem! Para o bem, para o mau.
O que é certo para a fecha que nos lança em direção do incerto, mesmo assim trazendo o conforto de se estar perto.
Ora é sentimentos!Ora é a alma, ora é espírito.
Tantas pessoas, tantos casos.
Alfinete, procure perguntar:
Só quando questionar o seu eu - amar para saber o por quê, o quando, o tempo o agora o estar:
Quem ousa hoje em dia medir a força imaginária que está dentro das pessoas?


O tempo passa, tens pressa de viver, pensam para sonhar, a incerta e certeza saída:
"É COM A MÚSICA CHAMADA EXISTIR DANÇAR".
O sentido da vida não é tanto viver quanto mais sobreviver nela mas "senti La", não tenha inveja quanto mais dó de quem não conhece essa noção, o máximo a fazer é supor as alternativas para que tenham percepção da"verdade", já que cada um mesmo presos, cegos, e muitas vezes mudos possuem sua liberdade individual. A casa caso um caso, ajudar ou não.
Antes fazer algo do que morrer com essa indecisão.
"Uma palavra pode ferir mais que mil tiros, um simples ato pode valer mais que todas as palavras juntas".
"Viver por toda forma existente de vida possível sendo imaginária ou não, só quando respeitar tais dons poderá entender o sentido da nossa criação".


Por João Paulo (joaopunkcore@hotmail.com)

Felicidades

Ontem, Claudio coloca na pesquisa do orkut "Autonomia e Autogestão".
Ele encontra duas pessoas: Eu e João Paulo.

Quem?

João Paulo. Um irmão de luta que lê o blog e resolveu colocar um link do nosso blog no perfil dele.

Dinho fica doido de alegria e me fala no mensenger o que tinha acontecido.

Poha, fiquei feliz demais! Um cara que eu nunca vi, nunca tive contato, mora a uns 4000 km de distância, lê e ainda recomenda nosso blog.

Tento contato com ele na hora, ele aceita e hoje conversamos quase o dia todo!

Realmente, essa poha de internet não tem fronteiras. Como o próprio João diz: "Isso prova q idéias e objetivos em comum não existe barreiras".


Ele tem um zine (SUJEM AS RUAS), que quem quiser é só entrar em contato (joaopunkcore@hotmail.com).

Ele me mandou umas reflexões (primeira mão! s2) que estão no zine dele, só pra gente ficar com um gostinho. Vou posta-las aqui gradativamente.

Obrigado cara!
Obrigado mesmo João!!!

Vlw por ler e por prometer que vai continuar lendo esse blog!

Unidos na resistência!

Abraços libertários a todos que leem!


P.s.: Assim comoo João, no smande um texto, um video, qualquer coisa que julgue importante aqui pro blog. Com certeza nós irmos colocar aqui!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O que é consciência negra?



Está na moda falar em consciência negra, para bem ou para mal, todos já ouviram esse falar nesse tema. No entanto, será que todos têm noção de seu significado e importância?

Que o Brasil foi escravista, todos tão cansados de saber; que o negro sofreu, foi humilhado, e obrigado a negar sua identidade; incentivado a ter vergonha de si próprio, de sua história, de seu presente… Isso todos já sabem, ou pelo menos deveriam saber. O processo de escravidão foi foda e deixa marcas até hoje, pois mesmo depois da abolição o racismo permaneceu detonando nossas condições de vida, fechando portas, nos exterminando. O racismo no Brasil é tão forte, que está disfarçado em coisas que a gente nem imagina: na política, na cultura, na religião, no nosso dia a dia.

Uma fita importante é que o racismo, não é só quando alguém me xinga ou me olha com desconfiança (e olha que isso acontece frequentemente) , mas é principalmente o fato de os negros terem menos acesso ao ensino, a moradia digna, saúde, trabalho, renda etc – em todos esses gráficos nós estamos em desvantagem… Alguma coisa tem que ser feita. Mas quem vai fazer? Será que quem tem o poder vai abrir mão de seu privilégio?

O Racismo foi importantíssimo para construir o capitalismo (esse sistema que a gente vive). Toda a riqueza dos Estados Unidos e Europa são fruto da escravidão e colonização dos paises africanos, asiáticos e americanos. O sangue de nossos ancestrais garantiu a qualidade nos paises de 1º mundo. Exterminaram os indígenas, milhões de africanos morriam na travessia do atlântico; Os povos “não brancos” fora roubados em suas riquezas materiais; intelectuais; culturais etc…

Mas pêra lá truta!!!

Aonde vai esse filme? Em toda historia da humanidade, onde teve opressão teve resistência. E ela ocorreu, desde o primeiro momento: Na África ou no Brasil, nos Estados Unidos ou na Índia… Sempre teve resistência; luta. No Brasil se formaram quilombos; em África, guerrilhas das mais variadas, No Haiti Revolução. É lindo conhecer a historia do Haiti e como aqueles bravos guerreiros deram fim às escravidões, enfrentaram heroicamente a Napoleão. O foda é que pagam até hoje o preço de sua liberdade.

O que consciência negra tem a ver com tudo isso?

Árvore sem raiz não para em pé! Paras as elites se manterem no poder, não adianta apenas reprimir, é necessário fazer o dominado acreditar que é inferior e que não tem outro jeito: “É assim mesmo, sempre foi e sempre será”, “Deus quis que fosse assim”. As elites racistas tentaram de tudo para manter-se no poder. Usaram a religião, a ciência, a moral, a estética, a cultura… cada um desses pontos dá um livro. O fato é que se o oprimido tem auto-estima ele luta.

O nome “consciência negra” foi forjado na luta contra o colonialismo e o racismo como uma resposta a essa questão. Pois não tem luta sem auto-estima, sem amor próprio, sem conhecermos nossa historia e nos orgulharmos dela… por outro lado, não basta só ter orgulho e não lutar. Então as duas coisas devem estar juntas: Orgulho e luta.

Foi pensando nisso que o movimento negro brasileiro lutou para que o dia da consciência negra fosse no 20 de novembro (data que lembra de Zumbi e do quilombo dos palmares) e não do 13 de maio (data da falsa abolição).

A consciência Negra é algo que temos que ter o ano todo. Devemos conhecer a historia de nosso povo, conhecer, valorizar e dar continuidade em nossa tradição cultural (presente na capoeira, candomblé, congadas, maracatu e muita vezes nos ditados de nossos avós, em nosso jeito de fazer as coisas), mas ao mesmo tempo buscar sempre nos organizar e lutar contra o racismo e seus impactos em nossa vida. A luta sem identidade é vazia… A identidade sem luta é mentirosa.




Fonte: Ação Periferia

domingo, 15 de novembro de 2009

ATEUS DIVULGAM CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LULA


A ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) divulgou a partir de seu site na internet( http://atea.org.br ) uma Carta Aberta ao presidente Lula criticando recentes declarações dele sobre a questão religiosa. Na carta, os ateus defendem que "somente um estado verdadeiramente laico pode trazer liberdade religiosa verdadeira, através da igualdade plena entre religiosos de todos os matizes, assim como entre religiosos e não-religiosos de todos os tipos, incluindo ateus e agnósticos". Veja abaixo a íntegra do documento:Carta aberta dos ateus ao presidente Lula.

Caro presidente

O senhor chegou ao poder carregado pela bandeira de uma sociedade mais justa e mais inclusiva. O uso da palavra "excluídos" no vocabulário das políticas públicas tem o mérito de nos lembrar que as conquistas de nossa sociedade devem ser estendidas a todos, sem exceção. Sim, devemos incluir os negros, incluir as mulheres, incluir os miseráveis, incluir os homossexuais. Mas, presidente, também é preciso incluir ateus e agnósticos, e todos os demais indivíduos que não têm religião.Infelizmente, diversas declarações pessoais suas, assim como políticas do seu governo, têm deposto em contrário.
Ontem mesmo(dia 27 de agosto)[grifos meus] o senhor afirmou que há "muitos" ateus que falam sobre a divindade da mitologia cristã quando estão em perigo. Ora, quando alguém diz "viche", é difícil imaginar que esteja pensando em uma mulher palestina que se alega ter concebido há mais de dois mil anos sem pai biológico. Com o tempo, algumas expressões se cristalizam na língua e perdem toda a referência ao seu significado estrito. Esse é o caso das interjeições que são religiosas em sua raiz, mas há muito estão secularizadas. Se valesse apenas a etimologia, não poderíamos nem falar "caramba" sem tirar as crianças da sala.
Sua afirmação é a de quem vê “muitos” ateus como hipócritas ou autocontraditórios, pessoas sem força de convicção que no íntimo não são descrentes. Nós, membros da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, não temos conhecimento desses ateus, e consideramos que essa referência a tantos de nós é ofensiva e preconceituosa. Todos os credos e convicções têm sua generosa parcela de canalhas e incoerentes; utilizar os ateus como exemplo particular dessas características negativas, como se fôssemos mais canalhas e mais incoerentes, é uma acusação grave que afronta a nossa dignidade. E os ateus, presidente, também têm dignidade.
Duas semanas atrás, o senhor afirmou que a religião pode manter os jovens longe da violência e delinqüência e que “com mais religião, o mundo seria menos violento e com muito mais paz”. Mas dizer que as pessoas religiosas são menos violentas e conduzem mais à paz é exatamente o mesmo que dizer que as pessoas menos religiosas são mais violentas e conduzem mais à guerra. Então, presidente, segundo o senhor, além de incoerentes e hipócritas, os ateus são criminosos e violentos? Não lhe parece estranho que tantos países tão violentos estejam tão cheios de religião, e tantos países com frações tão altas de ateus tenham baixíssimos índices de criminalidade? Não é curioso que as cadeias brasileiras estejam repletas de cristãos, assim como as páginas dos escândalos políticos? Algumas das pessoas com convicções religiosas mais fortes de que se tem notícia morreram ao lançar aviões contra arranha-céus e se comprazeram ao negar o direito mais básico do divórcio a centenas de milhões de pessoas. Durante séculos.
O mundo realmente tinha mais paz e menos violência quando havia mais religião? O despotismo dos soberanos católicos na Europa medieval e a crueldade dos feitores e senhores de escravos no Brasil-colônia vieram de pessoas religiosas em um mundo amplamente religioso que violentava povos e mentes em nome da religião. O mundo não tinha mais paz nem menos violência naquela época, como o sabem muito bem os negros e índios.
Não eram católicos os generais da ditadura contra a qual o senhor lutou, e o seu exército de torturadores? Não haveria um crucifixo nas paredes do DOPS onde o senhor foi preso? A base dos direitos individuais invioláveis pela qual o senhor tanto lutou são as democracias modernas, seculares e laicas, e não os regimes religiosos. Tanto a geografia como a história dão exemplos claros de que mais religião não traz mais paz nem menos violência.
A prática de diminuir, ofender, desumanizar, descaracterizar e humilhar grupos sociais é antiga e foi utilizada desde sempre para justificar guerras, perseguição e, em uma palavra, exclusão. Presidente, por que é que o senhor exclui a nós, ateus, do rol de indivíduos com moralidade, integridade e valores democráticos?
No Brasil, os ateus não têm sequer o direito de saberem quantos são. O Estado do qual eles são cidadãos plenos designa recenseadores para ir até suas casas e lhes perguntar qual é sua religião. Mas se dizem que são ateus ou agnósticos, seus números específicos lhes são negados. Presidente, através de pesquisas particulares sabemos que há milhões de ateus no país, mas o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que publica os números de grupos religiosos que têm apenas algumas dezenas de membros, não nos concede essa mesma deferência. Onde está a inclusão se nos é negado até o direito de auto-conhecimento? Esse profundo desrespeito é um fruto evidente da noção, que o senhor vem pormenorizando com todas as letras, de que os ateus não merecem ser cidadãos plenos.
Presidente, queremos aqui dizer para todos: somos cidadãos, e temos direitos. Incluindo o de não sermos vilipendiados em praça pública pelo chefe do nosso Estado, eleito com o voto, também, de muitos ateus, que agora se sentem traídos.
Presidente, não podemos deixar de apontar que somente um estado verdadeiramente laico pode trazer liberdade religiosa verdadeira, através da igualdade plena entre religiosos de todos os matizes, assim como entre religiosos e não-religiosos de todos os tipos, incluindo ateus e agnósticos. Infelizmente, seu governo não apenas tem sido leniente com violações históricas da laicidade do Estado brasileiro, como agora espontaneamente introduziu o maior retrocesso imaginável nessa área que foi a assinatura do acordo com a Sé de Roma, escorado na chamada lei geral das religiões.
Ambos os documentos constituem atentado flagrante ao art. 19 da Constituição Federal, que veda “relações de dependência ou aliança com cultos religiosos ou igrejas”. E acordos, tanto na linguagem comum como no jargão jurídico, são precisamente isso: relações de aliança. Laicidade, senhor presidente, não é ecumenismo. O acordo com Roma já era grave; estender suas benesses indevidas a outros grupos não diminui a desigualdade, apenas a aumenta. Nós não queremos privilégios: queremos igualdade e o cumprimento estrito da lei, e muitos setores da sociedade, religiosos e laicos, têm exatamente esse mesmo entendimento.
Além de violar nossa lei maior, a própria idéia da lei geral das religiões reforça a política estatal de preterir os ateus sempre e em tudo que lhes diz respeito como ateus. Com que direito o Estado que também é nosso pode ser seqüestrado para promover qualquer religião em particular, ou mesmo as religiões em geral? Com que direito os religiosos se apossam do dinheiro dos nossos impostos e do Estado que também é nosso para promover suas crenças particulares? Religião não é, e não pode jamais ser política pública: é opção privada.
O Estado pertence a todos os cidadãos, sem distinção de raça, cor, idade, sexo, ideologia ou credo. Nenhum grupo social pode ser discriminado ou privilegiado. Esse é um princípio fundamental da democracia. Isso é um reflexo das leis mais elementares de administração pública, como o princípio da impessoalidade. Caso aquelas leis venham de fato integrar-se ao nosso ordenamento jurídico, os ateus se juntarão a tantos outros grupos que irão ao judiciário para que nossa realidade não volte ao que era antes do século retrasado.
Presidente, por tudo isso será que os ateus não merecem inclusão sequer em um pedido de desculpas?


Fonte: ATEA

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ACORDA, RAIMUNDO... ACORDA!!!


Vagando pela net, encontrei esse curta e achei muito bom... Precisamos rever nossos conceitos, nossa visão, o sexismo ainda é presente e garanto que muitos de vocês, que assistirem a esse curta, sentirão que estão assistindo a uma coisa 'anormal', mas se fosse o contrário, seria a coisa mais 'normal'.

E se as mulheres saíssem para o trabalho enquanto os homens cuidassem dos afazeres domésticos? Essa é a história de Marta e Raimundo, uma família operária, seus conflitos familiares e o machismo, vividos num mundo onde tudo acontece ao contrário.
Paulo Betti é um dono de casa, grávido, que vive oprimido por sua mulher (Eliane Giardini). Ela trabalha fora enquanto ele toma conta das crianças e da casa. Numa situação inversa, reproduz a relação machista comum entre as famílias de trabalhadores brasileiros. Baseando-se na rádionovela de José Ignácio Lopez Vigil, o vídeo mostra a mulher chegando em casa tarde, depois de tomar umas cervejas com amigas de trabalho. Enfatiza a dificuldade do dono de casa para conseguir com a mulher uns trocados para o mercado e para as necessidades das crianças. Com a participação de José Mayer (outro dono de casa) e de Zezé Motta (outra trabalhadora), o filme apresenta a realidade cotidiana de forma invertida entre os sexos. Para os homens, essa situação é apresentada como um verdadeiro pesadelo. Um pesadelo do qual homens e mulheres devem acordar.

Direção: Alfredo Alves
Ano Produção: 1990
Origem: Brasil (RJ)
Duração: 16min.

Faça o download do curta clicando AQUI


Ou assista aqui:
Parte 1



Parte 2


Fonte: Almas Corsárias

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PERSÉPOLIS


Teerã, 1979. Marji, uma menina nascida em uma família moderna e politizada, é testemunha da Revolução Popular (posteriormente conhecida como Revolução Islâmica) que derrubou o Xá Reza Pahlevi e instaurou uma teocracia retrógrada e autoritária, comandada pelo então Aiatolá Khomeyni, especialmente no que diz respeito às mulheres. Aos dez anos, ela se viu de repente obrigada a usar o véu e estudar separada de seus amigos meninos. Alguns parentes e amigos fogem do país, outros antigos opositores do Xá são mortos pelo novo regime, explode a guerra Irã-Iraque. Por viver num meio tão repressivo e sem perspectiva, e por pensar demais, e em voz alta, seus pais mandam Marji para o exílio na Áustria aos catorze anos, onde ela vive as transformações, alegrias e decepções da adolescência, mas com um problema: sua família não está lá para apoiá-la. Após quatro anos, ela volta para o Irã e descobre o que já temia: ela era uma estrangeira na Áustria e agora, uma estrangeira em seu próprio país.
Após permanecer alguns anos em Teerã, onde estudou Belas Artes, Marjane se muda definitivamente para Paris em 1994, para concluir seus estudos. Foi então que ela começou a desenhar “Persépolis” a seus amigos franceses, para contar sua história. A série foi muito bem recebida: vendeu 400 mil exemplares só na França, e foi licenciada em vários países, inclusive no Brasil: a Cia. das Letras lançou os quatro volumes, e depois os reuniu num volume único, “Persépolis Completo” (aqui eu fico com pena de quem comprou todos os volumes e gastou mais de 100 reais, já que a compilação custa só 39 reais!), que é o scan que postei aqui.

Baixe a HQ completa AQUI




Baixe a animação:
Parte 01
Parte 02
Parte 03
Parte 04

Créditos: F.A.R.R.A. again!


Tanto sucesso rendeu uma excelente animação, tão simples e por isso mesmo tão brilhante, que realça ainda mais o sentimento de cumplicidade de Marjane com o público, de como ela se abre ao narrar sua trajetória. O filme foi contemplado com o Prêmio especial do Júri no Festival de Cannes de 2007 e foi escolhido pelos espectadores da Mostra Internacional de São Paulo, junto com “Na Natureza Selvagem”, o melhor filme da seleção. Foi indicado oficialmente pelo governo francês para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas foi ignorado, permanecendo somente na catgoria Melhor Animação. E foi duramente criticado pelo governo iraniano (óbvio), que recebeu uma resposta formal do Júri de Cannes: o festival é independente e não cede à pressões de nenhum tipo (viva a democracia!)
Hoje é fato que Marjane Satrapi é persona non grata no Irã, mas uma coisa é certa: ela não fez cinema francês, nem iraniano. Fez cinema, e de primeira qualidade. Sua obra consegue ser, ao mesmo tempo, triste e divertida, real e fantasiosa, intimista e universal.

Bom, baixem e tirem suas conclusões. See you next time!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

22 de Novembro


Aê galera!!!

Esse evento vai ser em Santo Antônio de Jesus, bem perto daqui de Cruz, então, se vocês se organizarem, acredito que dará pra fretar um transporte. Não tomei frente nessa organização, porque só de bandas daqui, serão 3 e acho que só essas pessoas (grupo onde eu e Dinho nos encaixamos) enchem um topic.

Mas agora, por meio deste, informo que posso conversar com a galera que mostrar interesse em ir pro evento e se tiver um número razoável depessoas, correremos atrás de tranporte.

Podem deixar o nome nos "Comentários" ou enviar um email pra mim (bayhano@gmail.com).


Chame todos!!!

O Encanto Nosso de Cada Dia


Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos que suportar uma segunda feira eterna?
A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência. Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.
O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e triste, deixou de cantar.
Foi então que a menina descobriu que, o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir.
Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário, para que a menina pudesse suportar a vida. O encanto alivia a existência...Aprisionado, ela o possuia, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto!
Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto... Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza.
Amar talvez seja isso: Ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também.
Precisamos descobrir, que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida em que nos empenharmos em não reter a vida.
Viver é exercício de desprendimento. É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele, e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.
Há uma beleza escondida nas passagens... Vida antiga que se desdobra em novidades. Coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem. Deixar a vida seguir. Não há tristeza que mereça ser eterna.
Nem felicidade. Talvez seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender o sentimento da tristeza e da alegria. Eles só são suportáveis à medida em que os dividimos...
E enquanto dividimos, eles passam, assim como tudo precisa passar.
Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando... Uma redenção está sendo nutrida nessa hora...
Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só pra você. Ele só é encantado porque você não o possui.
E nisto consiste a beleza desse instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado, quando você menos imaginar, voltar a pousar na sua janela.

Autor: Fábio de Melo

Ps.: Valeu Larissa por me enviar esse texto!

II Parada da Diversidade

(Clique na imagem para ampliar)

Sexta-feira, 13 de Novembro, as 19:00 horas, no teatro Laranjeiras, Cruz das Almas, acontecerá a festa de lançamento da II Parada da Diversidade, com Exclusos, Radiassonica, Dj Lc, Dj Kk, Dj Alfredo e Neto do Rap.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

9 de novembro de 1989: o povo derruba o 'muro da vergonha'


O peso das pessoas literalmente derrubou, no dia 9 de novembro de 1989, o muro de Berlim, também conhecido como o "muro da vergonha", principal símbolo da guerra fria, que durante 28 anos marcou a ferro e fogo a vida dos berlinenses.

O muro, construído em agosto de 1961, foi a materialização da famosa imagem descrita por Winston Churchill quando, no final da década de 40, declarou que "uma cortina de ferro" tinha caído sobre o leste da Europa.

Essa fria noite de novembro pôs fim a um longo êxodo de alemães orientais, que se valendo os métodos mais diversificados, simples ou sofisticados, se lançaram durante 28 anos à aventura de cruzar o muro por cima ou por baixo: 239 pessoas morreram nessa tentativa e 4.000 conseguiram chegar ao lado ocidental.

A queda do muro de Berlim começou a ser gestada com a política de liberalização e reestruturação - glasnost e perestroika - lançada pelo então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Mikhail Gorbachov.

A abertura no mundo socialista impulsionou milhares de cidadãos da República Democrática Alemã (RDA) a marchar para a fronteira com a Hungria, cujas autoridades terminaram - em setembro de 1989 - a lhes dar passagem para a Áustria, onde lotaram a sede da embaixada da outra Alemanha, a República Federal (RFA), à procura de asilo: 51.500 pessoas conseguiram assim passar para o lado ocidental.

Enquanto a glasnost e a perestroika avançavam a grandes passos na Europa do Leste, a RDA de Eric Hoeneker - assim como a Romênia de Ceaucescu - resistia à mudança, apesar da pressão da própria Moscou.

A crise da RDA era grande: em todo ano de 1989 mais de 130.000 de seus cidadãos emigraram para a RFA, enquanto as manifestações, sem precedentes, se multiplicavam. Em outubro, Honecker foi suplantado por Egon Krenz.

No dia 4 de novembro, pelo menos um milhão de pessoas se reuniram em Berlim Oriental na maior manifestação de protesto na história da RDA. No dia 9 de novembro, as sentinelas que evitavam a queda das paredes de concreto cederam à avalanche humana.

Berlim era uma festa de alegria e emoção na qual correram rios de cerveja e champanhe. Os berlinenses do leste e oeste se abraçavam, choravam, riam e bebiam para celebrar a reunificação da antiga capital alemã, e a conseqüente reunificção do país que tinha se dividido depois da derrota de Hitler na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A demolidora contraofensiva do Exército Vermelho de Stalin tinha ocupado boa parte da Europa do Leste, chegando às portas de Berlim em abril-maio de 1945. A União soviética impôs regimes comunistas em todos os países controlados por suas tropas: Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, Romênia e Bulgária, enquanto a Iugoslávia criou seu próprio sistema sob o marechal Josif Broz "Tito".

Depois do fim da guerra, foi dividido o que restava da Alemanha de Hitler em dois Estados (RFA e RDA) e sua capital, Berlim - que ficou dentro da RDA - foi dividida na conferência de Postdam em quatro setores de influência controlados pelas quatro potências vencedoras: Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética.

Os soviéticos saíram em 1948 da comissão interaliada que controlava a cidade, e interceptaram as comunicações entre os setores aliados de Berlim e o restante da Alemanha, obrigando os Estados Unidos a criarem uma ponte aérea para abastecer a cidade durante um ano.

Na noite de 12 a 13 de agosto de 1961, o governo soviético de Berlim começou a construir o muro para cercar a parte ocidental da cidade com a justificativa de deter a 'invasão" de "espiões e sabotadores" na RDA, mas que na realidade tratava de por fim a um êxodo maciço de alemães-orientais que fugiam da miséria e do totalitarismo. Desde 1945, três milhões de alemães-ofientais haviam escapado para o ocidente.



Fonte: AFP

[Itália] Gênova 2001: um século de prisão contra os "Black Bloc"?


Um século de prisão para os manifestantes que "devastaram" e "saquearam" Gênova nos protestos antiglobalização do G8 de 2001

Na sexta-feira, 9 de outubro, dois dias após a absolvição do ex-chefe da Polícia italiana Gianni De Gennaro e do antigo responsável do Grupo Policial Antiterrorista da Itália (Digos) Spartaco Mortola de um processo sobre os distúrbios registrados na cúpula do G8 de 2001 em Gênova, ocorreram novamente as mais duras medidas, contra 10 citados membros dos "Black Bloc" : 98 anos e 9 meses de prisão, no seu conjunto. Prescrição e absolvição para 15 outros citados participantes nas "desordens", mas com a atenuante de terem reagido a uma carga ilegal da polícia [referente aos dissidentes do Tute Bianche, agora Disobbedienti].

Na segunda seção do Tribunal de recurso liguriano foi lido o veredicto, ao meio-dia: Vincenzo Puglisi foi condenado a 15 anos de prisão, Vincenzo Vecchi 13 anos e 3 meses, Marina Cugnaschi a 12 anos e 3 meses. “As penas a que condenaram estes jovens nem a assassinos costumavam ser aplicadas. Se esses jovens cometeram algum delito foi contra coisas, objetos, não contra pessoas”, “Engavetar 10 para dar lição a 10 milhões”, foram alguns dos protestos que se ouviram da parte do público, na sala de julgamento do Tribunal.

Os advogados estão desconcertados e consideram a decisão "inacreditável" (esperada há 3 meses), apesar das considerações escritas do veredicto falarem por si, "sobre isto tinha a intuição, após as mais recentes sentenças, de que iria correr mal: mas neste caso há argüidos que foram condenados há mais de 10 anos por estragos de apenas uma vitrine!", comentou o advogado dos réus Roberto Lamma.

Maria Rosaria de Angelo, Presidente do Tribunal, alterou parcialmente a decisão decidida em primeira instância em dezembro de 2007: o total das sentenças diminuiu pouco (10 anos menos), para um pequeno grupo, mas endureceu as penas contra os "Black Bloc".

Juízes confirmaram que a carga da polícia sobre a multidão, no dia 20 de julho, na via Tolemaide, foi ilegítima. Esse ataque contra a manifestação semeou um caos infernal, causando ainda a morte de Carlo Giuliani [assassinado pelos policiais, que utilizaram uma espingarda, durante a tentativa daquele de virar um jipe dos carabineiros (Polícia Militarizada)].

Massimiliano Monai, que esteve ao lado de Giuliani, no grupo de jovens que tentou virar o jipe e o tentou proteger da espingarda que o matou, foi condenado em primeira instância, a 5 anos de prisão, mas não irá cumprir a pena, por prescrição da mesma.

"Sinto-me honrado em ter participado, como homem livre, num dia de protesto contra a economia capitalista", disse Vincenzo Vecchi, pouco depois de ter ouvido a sentença.

Carlo Cuccomarino foi condenado a 8 anos, Luca Finotti a 10 anos e 9 meses, Alberto Funaro a 10 anos, Dario Ursino a 7 anos. Antonino Valguarnera, que tinha completado o serviço militar na Bósnia, antes do G8 e até foi condecorado, acusado de ter atirado coquetéis molotov, foi condenado há oito anos.

Texto lido por um anarquista durante o processo dos 25, em 7 de dezembro de 2007, na sala de julgamento do Tribunal de Gênova

Antes de tudo desejava fazer um parêntese: como anarquista, considero que os conceitos burgueses de culpabilidade ou de inocência são destituídos de sentido.

A decisão de desejar debater, no curso de um processo de ações criminais que me são atribuídas e a outras pessoas, sobretudo de exprimir idéias que caracterizem a minha maneira de ser e de perceber as coisas poderá ser objeto de interpretação errôneas: antes de mais nada é necessário precisar que o espírito dentro do qual eu fiz esta declaração, após anos de especulação midiática dos fatos que estão em discussão nesta sala e também que sou eu o porta-voz de outros inculpados.

Nesta breve declaração não procuro nem escapatórias nem justificações: é completamente absurdo que aqui decidam o que é legítimo para se revoltar ou não... nunca conseguirão impedir a revolta!

Relendo os fatos, numa certa ótica, com um certo tipo de linguagem (o da burocracia dos tribunais, para ser claro), não resistindo a considerá-los de maneira parcial, mas também em deformar a imagem, a disposição histórica, social e política, isso significará retirar os acontecimentos completamente de todo o contexto no qual foram produzidos.

O que me acusam neste processo, o delito de devastação e saque, implica na linguagem do código que “uma pluralidade de pessoas tomou posse de forma indiscriminada de uma quantidade considerável de objetos a fim de produzir uma devastação”. Penas muito elevadas são reclamadas para este tipo de delito, se bem que ele não se revista de ações particularmente odiosas ou atrozes.

Tenho sempre assumido a plena responsabilidade e as eventuais conseqüências das minhas ações, e confirmado a minha presença em 20 de julho de 2001 na jornada de mobilização contra o G8, melhor, honra-me ter participado como homem livre numa ação radica coletiva, sem nenhuma estrutura à minha volta.

E eu não estava só, estavam como eu centenas de milhares de pessoas, cada uma delas empenhando-se com os parcos meios para se opor a uma ordem mundial apoiada numa economia capitalista que se tem definido pela presença neoliberal... a famosa globalização econômica edificada sobre a fome de milhões de pessoas espalhadas pelo planeta, que obriga as massas ao exílio, para em seguida as deportar e as encarcerar, que provoca guerras e massacres de populações inteiras: é a isto que denomino, eu, devastação e roubo!

No curso desta enorme experiência a céu aberto, realizada em Gênova, (os meses anteriores e os seguintes onde se teve a “quermesse dos devastadores e saqueadores ao nível planetário”) que certos retardatários se obstinam a designar por gestão da rua, foi realizada uma ruptura tempo: a partir de Gênova, nada será como antes, nem nas ruas nem nos processos que surgirão de eventuais desordens.

Com tais veredictos, abre-se a via a um modus operandi que desenvolverá uma práxis natural em casos similares, quer dizer, carregar sobre a multidão de manifestantes para intimidar quem se atrever a participar em manifestações, comícios, passeatas...

...Eu não pretendo falar sobre as medidas preventivas contra o terrorismo psicológico, nem discutir o conceito de violência sobre aqueles que a perpetuam e que dizem que dela nos defendem etc. Não que eu tenha uma posição ambígua sobre o uso ou não de certos meios na luta de classes, mas porque não é este o lugar para desenvolver um debate que pertence ao movimento antagonista ao qual pertenço.

Uma observação a propósito do processo contra as forças da ordem¹. No julgamento das referidas forças, tenta-se fazer um sentido à justiça... Os procuradores têm buscado comparar a polícia e os manifestantes, em relação à violência entre eles, como se trata-se de uma guerra de gangues: sem rodeios, vou apenas dizer que eu nunca sonharia em beliscar sequer pessoa algemadas, ajoelhadas, nuas, numa atitude obviamente inofensiva na intenção de humilhá-las no seu corpo e na sua mente...

Agora estou acostumado a ser comparado a um provocador, um infiltrado etc. [acusações pronunciadas após Gênova pelos Tute Bianche, ATTAC etc. contra o Black Bloc] e mais ainda, ser comparado a um torturador de uniforme é realmente chocante! É digno de quem o formulou.

E, em seguida, realizar um julgamento contra a polícia e os carabineiros, só para dizer que estamos numa democracia, significa reduzir tudo a um punhado de desviantes violentos, por um lado, a um caso de excesso de zelo na aplicação do código, por outro.

Isso, além de ser sinônimo de pobreza intelectual, mostra quão pouco há motivo para perder tempo a fim de preservar a ordem atual das coisas.

Do meu ponto de vista, para processar a polícia paralelamente aos manifestantes significa investir as forças chamadas de ordem um papel importante nos acontecimentos. Isso significa devolver importância às pessoas que saíram às ruas para expressar o que pensavam desta sociedade, relegando-as ao seu papel de vítimas históricas de um poder onipotente.

Carlo Giuliani, como tantos outros dos meus companheiros, foi morto por ter expressado tudo isso com a coragem e dignidade que sempre caracterizaram os insubmissos a esta ordem das coisas.

Embora as relações entre os indivíduos sejam reguladas por órgãos externos, que representam apenas uma pequena minoria social, isso não vai durar.

E como eu não tenho ilusões, eu atribuo um significado preciso à palavra democracia: a idéia de que um representante da ordem estabelecida seja julgado por ter cumprido a lei faz-me sinceramente sorrir. O Estado julga o Estado, como diria alguém com um título adequado.

Haverá provavelmente condenações no nosso processo e eu certamente não as considerarei como um sinal de indulgência ou de uma cabala contra nós.

Elas devem, em todos os casos, ser consideradas como um ataque contra todos aqueles que de uma forma ou de outra, sempre terão de pôr em perigo as suas vidas a fim de transformar o existente da melhor maneira possível.

[1] Paralelo ao processo contra as 25 pessoas acusadas de "devastação e saque" que teve contra a polícia (e médicos) acusados das torturas mais graves nas casernas da Bolzaneto. Em 11 de março de 2008, os procuradores pediram quase 76 anos contra 44 argüidos (5 anos e 8 meses no máximo), sabendo que todos os crimes serão prescritos em 2009 e a data da sentença não está determinada.

Tradução > Liberdade à Solta

FONTE: CMI - Centro de Mídia Independente

Créditos: .D.ebie (obrigado pelo recado ;])