

Em 1999, a editora Conrad lançou o primeiro livro de Gen Pés Descalços, escrito e desenhado por Keiji Nakazawa, uma verdadeira obra-prima da arte seqüencial.
Trata-se de um trabalho autobiográfico, que mostra a dura história de vida do garoto Gen (lê-se Güen), o alterego do autor, desde os dias que precederam a destruição de sua cidade natal, Hiroshima, pela bomba atômica, durante a segunda guerra mundial.
O pai do personagem principal, não concordava com o conflito e, por isso, sua família sofreu retaliações de todos os tipos. Seus filhos foram surrados, molestados e tachados como covardes, os alimentos que plantavam foram destruídos e ele próprio foi preso, por "traição ao imperador".
O traço simples e, na maioria das vezes, engraçado de Nakazawa contrasta com a seriedade dos temas abordados. Logo no primeiro livro, Uma história de Hiroshima, desde as crises familiares, que, invariavelmente, terminavam em surras de seu pai, até a catástrofe que se abate sobre eles quando a bomba é lançada; tudo comove o leitor, de tal forma, que é impossível não pensar como agiríamos se acontecesse algo semelhante conosco, principalmente, por sabermos que tudo ocorreu de verdade! Não é ficção!

A saga continua em O dia seguinte, segundo álbum da série, um relato dramático do cenário pós-bomba atômica. Corpos espalhados por todos os lados; pessoas literalmente "derretendo" ou se despedaçando, por causa da radiação; cadáveres sendo incinerados em pilhas, para evitar a proliferação de doenças; gente gravemente ferida sendo sacrificada ou devorada viva por larvas e moscas; entre outras agruras. Como se tudo isso não bastasse, há a derrota "moral" dos sobreviventes.

Gen Pés Descalços é considerado um clássico dos quadrinhos japoneses. Ganhou versões para cinema, desenho animado e até mesmo uma ópera. Em 1976, um grupo de jovens (japoneses e estrangeiros) que moravam em Tóquio, criou um projeto para traduzir a obra de Kenji Nakazawa para outros idiomas, para que pessoas de vários países pudessem conhecer esse trabalho. O resultado: a história já foi publicada em mais de 10 países, vendendo cinco milhões de exemplares em todo o mundo e sendo, inclusive, indicada para ser lida nas escolas norte-americanas.
Entre a legião de fãs de Gen, está Robert Crumb. "É uma das melhores histórias em quadrinhos já realizadas. Nakazawa, com certeza, será considerado um dos maiores quadrinhistas deste século", disse o "papa" das HQs underground americanas.
Quem compactua dessa opinião é o não menos fantástico Art Spiegelman, autor de Maus. Para ele, "Gen é uma dessas raras histórias em quadrinhos que realmente conseguem realizar a mágica: traços em papel que adquirem vida".

O único escorregão - e grave, por sinal - ocorre no primeiro livro, onde todas as vezes que apareceu a palavra "tigela", ela estava grafada com "j"! Um erro crasso de português, corrigido nas edições seguintes! Também ficou estranha a mudança da fonte utilizada nos balões, no terceiro álbum, mas esse detalhe é basicamente estético.
Nakazawa transferiu toda a sua vivência para os quadrinhos. O incrível é que, apesar de seu sofrimento, ele transmite uma mensagem sem rancores. A sua intenção é apenas alertar a humanidade sobre os horrores que uma guerra pode trazer. Por isso, para definir Gen, com absoluta precisão, basta acrescentar o sufixo "ial" ao seu título! Assim: GENIAL!
Fonte: Universo HQ
Opaaa ,como fasso pra baixar o hq????? ,vo6 tem o link???? .Parabens pelo ótimo blog ,muita informação de qualidade X)
ResponderExcluirOpaaa, como faço pra baixar o hq????? vocês têm o link???? [2]
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