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domingo, 16 de outubro de 2011

15-O Cruz das Almas - Obrigado a todxs! A LUTA CONTINUA!!!


No dia 11/10 (terça-feira) resolvi fazer um ato mundial, que começou na Espanha no dia 15/05, o 15-O. Onde cidades do mundo inteiro íam pras ruas protestar contra a corrupção. Depois de assumir este compromisso é hora de lutar. E não foi fácil.
Na terça-feira mesmo comecei a fazer os flyers, divulgação, ofícios... Fiquei, de terça a sexta, divulgando, panfletando, entregando ofícios e produzindo c...artazes.
A manifestação, em Cruz, estava programada para iniciar as 8hs do dia 15 e terminar as 10hs do dia 16. Às 8hs ja me fazia presente na praça, onde comecei a produzir mais cartazes e logo chegu Robson, Beatriz, Leandro, Carla e Jéssica. Robson saiu na feira livre entregando os panfletos da manifestação e convidando a população de Cruz das Almas a, juntos com a gente, lutar! Colamos os cartazes pela praça da cidade!
Infelizmente acidentes acontecem e Jéssica sofreu um, sendo logo atendida e tendo que ir pro hospital, onde levou três pontos.
Passamos, da praça em frente a prefeitura para a paraça do lado da Igreja Matriz (Coreto) onde espalhamos os cartazes e convidamos a sociedade a dar um BASTA!
A tarde, depois do som ser instalado no coreto, começamos com musicas de protestos e, logo depois, o texto Nosso voo do professor Wilson Correia foi lido.
Ao térmido do texto, começaram as apresentações artísticas. A Exista//Resista foi a primeira banda a se apresentar, com músicas que falam sobre insubmissão, resistência, revolução, homofobia, autoritarismo, mídia. Entre uma música e outra havia um discurso subversivo e fazendo ponte as manifestações do 15-O, explicando o momento e o porque de fazer-mos isso.
A segunda banda a se apresentar foi a Exclusos tratando de temáticas revolucionárias e que, assim como a primeira, discursava entre uma música e outra.
Neto do Rap entrou logo em seguida, com rimas ricas e atacando diretamente o Estado, o preconceito, racismo, acompanhado de discursos e freestyles sobre o movimento.
Após as apresentações musicais, o microfone ficou aberto e todxs que tivessem algo a falar sobre o movimento tinha todo o direito de falar. E David explanou sobre o movimento e a importância daquele ato e também recitou uma poesia.
Às 20hs iniciamos uma mostra de vídeo com o vídeo (a história das coisas) onde elenquei alguns pontos para que a discussão fluísse. Ao término do filme começaou a discussão que foi bastante produtivo. Sendo que Robson e Neto do Rap sugeriu que fizessemos essas mostras de vídeo com mais frequência para que discussões como esta continuasse. E eu propus que uma vez no mes saíssemos às ruas para fazer panfletagem.
Depois da mostra de vídeo e discussão algumas pessoas que ali se encontravam começou um lual e outras continuavam no computador assistindo filmes e debatendo (entre eles democracia militar).
Fomos dormir (8 pessoas ficaram acampada no coreto, entre elas: eu, Lucas Cardoso, Sara, Ediane, Cinthia, Roberio, Rodrigo e Barata).
Acordamos às 8, arrumamos o espaço e terminamos o ato 15-O.

Estavamos em pequeno número mas acreditamos que nossos gritos ecoaram por toda a cidade. E esse é só o começo! A luta não acabou aqui. A luta continua!
Continuemos, firmes e fortes, na luta!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Abaixo-assinado por anarquistas da Bielorrússia

Nós, as(os) abaixo-assinadas(os), pedimos o reconhecimento de Nikolay Dedok, Alexander Franckevich e Igor Olinevich como prisioneiros políticos e demandamos sua liberação e total reabilitação juntamente com outras(os) prisioneiras(os) por razões políticas. Também insistimos na revisão do "Caso do ataque da KGB de Bobruisk" e da sentença que Evgeny Vaskovich, Artem Prokopenko e Pavel Syromolotov estão cumprindo agora.

Petição em defesa de presos(as) anarquistas na Bielorrússia

por Cruz Negra Anarquista de Bielorrússia

Como a situação econômica está ficando cada dia pior na Bielorrússia, Lukachenko é forçado a ir ao extremo para negociar ajuda financeira ao Oeste [Europa Central]. Ocorre que a cooperação com a União Européia só é possível se todos(as) os(as) prisioneiros(as) forem liberadas. Há um abismo atrás dele, então ele se vê obrigado a dar alguns passos adiante: ele já perdoou 13 participantes da manifestação do 19.12.2010, quando estes recorreram.
Agora, a pressão vem surgindo quanto àqueles que permanecem na prisão e se negam a pedir perdão. Nós achamos que essa é uma tendência positiva, o que causa nossa preocupação é o fato de, no momento, a lista de prisioneiros(as) políticos(as) conter apenas os nomes das pessoas da manifestação de 19.12.2010 e dos membros da Frente Mlady presos no dia anterior. Ao mesmo tempo, ativistas convictos em conexão com o assim chamado ?Caso dxs Anarquistas da Bielorrússia? presos(as) durante a campanha eleitoral do presidente no poder permanecem em custódia.
Várias organizações de direitos humanos (como "Vesna") notam uma série de violações da lei e de violações no processo de investigação, os(as) acusados(as) não se declaram culpados e, no entanto, são sempre sentenciados a longos períodos de prisão.
É claro que as ações de que Anarquistas têm sido acusados(as) envolvem a violação da lei. Elas(es) são frequentemente associadas(os) com atos violentos contra a propriedade pública ou privada. Devido a isso, muitos defensores de direitos humanos não incluem anarquistas na lista geral de prisioneiras(os) políticas(os). Nesse sentido, gostaríamos de informar que a maioria das(os) presas(os) por "desordens de massa", por razões objetivas, cometeram atos violentos contra o Palácio do Governo ou policiais à paisana que provocaram uma briga no caso de Dashkevitch e Loban.
O fato de que antes da prisão Dedok, Franckevich e Olinevich eram desconhecidos das pessoas em geral como ativistas sociais não deveria afetar o nível do apoio a eles. Portanto, acreditamos que a distinção entre prisioneiras(os) políticas(os) "reais" e todos as(os) outros(as) está errada. Além disso, o fato de que as autoridades tentaram tirar de Dedok e Franckecitch sinais de perdão sugere que as autoridades mesmas os reconhece politicamente.
Também estamos preocupadas(os) que o caso das(os) jovens que atacaram a KGB em Bobruisk esteja fora da atenção pública. Evgeny Vaskovich, Artem Prokopenko e Pavel Syromolotov foram, cada um, sentenciadas(os) a 7 anos de prisão por este ato desesperado. Obviamente, esta é uma violação da lei e houve confissão, mas se deve pensar por que e em que condições políticas elas(es) agiram com essa forma de luta e protesto.
Quando toda discordância é vigiada, quando todas as tentativas de protestos pacíficos são brutalmente reprimidas, quando a liberdade de difusão de informação é virtualmente impossível, não há dúvidas de que as pessoas não vêem como continuar com ações pacifistas e de não-violência. Nós não as condenamos nem justificamos todos os seus atos; estamos preocupadas(os) que as autoridades reajam desproporcionalmente a tais violações. Uma pessoa foi condehttp://www.blogger.com/img/blank.gifnada a 7 anos de prisão por um pequeno dano na escada do prédio da KGB, gerando um dano total de 250.000 rublos bielorrussos [= R$ 60,00, ou seja sessenta reais], enquanto um assassinato ou um roubo podem gerar uma pena muito mais leniente.
Nós, as(os) abaixo-assinadas(os), pedimos o reconhecimento de Nikolay Dedok, Alexander Franckevich e Igor Olinevich como prisioneiros políticos e demandamos sua liberação e total reabilitação juntamente com outras(os) prisioneiras(os) por razões políticas. Também insistimos na revisão do "Caso do ataque da KGB de Bobruisk" e da sentença que Evgeny Vaskovich, Artem Prokopenko e Pavel Syromolotov estão cumprindo agora.

Assine a Petição AQUI!

INFORMAÇÕES!

domingo, 25 de setembro de 2011

[ALF] Ataque incendiário ao biotério central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

ALF - Ataque incendiário ao biotério central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)



Florianópolis, 20 de setembro de 2011

A Frente de Libertação Animal (ALF) assume a autoria da invasão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na madrugada de 20 de setembro de 2011. Nós deixamos a nossa marca nos muros do complexo do biotério da UFSC, inclusive no novo prédio do Biotério Central, ainda em construção, para que todos os vivisseccionistas saibam que estamos aqui e em todos os lugares lutando pela liberdade dos ratos, pombos, cabras e cães que a UFSC mantém em confinamento para serem usados em experimentos ultrapassados que violam os interesses desses animais e em nada beneficiam a saúde humana.

No novo prédio do Biotério Central já estavam armazenados equipamentos de alta tecnologia que seriam usados para a tortura e morte desses animais, que foram embebidos em líquidos inflamáveis que em seguida foram acesos. Com isso, conseguiremos paralisar efetivamente as obras de expansão dos laboratórios e com isso, por algum tempo, muitas vidas serão poupadas. Essa ação foi estudada cautelosamente para garantir que nenhum animal, humano ou não humano, corresse risco de se
r ferido durante a ação.

Nós voltaremos para libertar os animais, e voltaremos para sabotar novos equipamentos quando esses forem recebidos. Voltaremos para garantir que o direito de vida e de liberdade seja garantido a cada um dos seres sencientes explorados por essa universidade.

ALF - Animal Liberation Front

site: www.ativismobrasil.net
contato: ativismobrasil@riseup.net


COMUNICADO
Picture
ALF - Ataque incendiário ao biotério central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Primeiras horas do dia 20 de setembro de 2011 em uma noite silenciosa sob chuva fina no campus da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil)...

A ALF invade na universidade... sem pedir permissão (naturalmente).

Depois de visitar os recintos destinados ao confinamento, tortura e morte de cabras, algumas dezenas de pombas, milhares de ratos e mais de 200 cães da raça beagle, fizemos uma visita ao novo prédio do Biotério Central da UFSC,ainda inacabado, mas que já abrigava ainda embalados os equipamentos de alta tecnologia que seriam usados para a tortura e morte de seres sencientes para atender aos interesses da econômicos da universidade e da indústria, interesses travestidos de uma pseudociência que não beneficia aos animais humanos (com exceção daqueles que têm a sua "carreira" baseada nesses experimentos).

Na verdade, essa não foi a nossa primeira visita ao biotério da UFSC, já que essa ação vem sendo planejada há meses por meio da avaliação do terreno, animais, equipamentos e rotina da segurança.

Às 4 horas e 15 minutos dessa gloriosa manhã de setembro, (quase) véspera do iníco da primavera, despejamos sobre esses valiosos equipamentos dezenas de litros de líquidos inflamáveis. Como quem rega uma planta para vê-la florir na primavera, regamos com a benção da destruição esses instrumentos que seriam usados para ceifar vidas. A efulgência fulminante do clarear precoce desse dia em meio à noite foi o fruto resultante do riscar do nosso fósforo, deixando ao fogo a nobre tarefa de purificar essa construção atroz.

Recebemos o abrigo generoso da mata vizinha que há muito testemunha, silenciosa, os gritos desses que são vítimas da soberba e da ganância humanas. Por hoje eles souberam que a sua voz foi ouvida e para o futuro eles têm a promessa de que voltaremos, sedentos por mais um clarão efulgente, ávidos pelo aroma da destruição que purifica e convictos de que lutaremos até que os seus direitos sejam respeitados. Custe o que custar.

Vocês podem nos procurar, mas não irão nos encontrar, pois nós estamos em todos os lugares, mas a ALF não está em lugar algum e por isso vocês não podem nos parar. Ninguém pode.

Vocês podem recorrer às leis, mas somos nós quem fazemos justiça.

Vocês podem tentar justificar a sua sede por cargos e dinheiro ainda que isso custe a vida de milhares de animais, mas somos nós quem estamos do lado da verdade.

Vocês podem conseguir esquecer da sua culpa para tentar dormir tranquilos a noite, mas nós estaremos acordados e quando vocês menos esperarem estaremos batendo na porta da sua universidade, da sua empresa, da sua casa...

Celebramos com a ação do dia 20 de setembro de 2011 a recente libertação de Kevin Kjoonas, o último condenado da campanha SHAC 7, e a dedicamos a todos os que já perderam a sua vida ou liberdade enquanto lutavam pela liberdade de outros seres.

Sobretudo, dedicamos essa ação aos milhões de animais que sofrem nos laboratórios, circos, zoológicos e fazendas de todo o mundo.

ATÉ QUE TODOS SEJAM LIVRES

ALF - Frente de Libertação Animal

vídeo da ação: http://www.youtube.com/watch?v=sfaiVgYMKjA

Saiba mais - www.ativismobrasil.net

NO SITE: ATIVISMO.NET TEM AS INFORMAÇÕES E AS FOTOS, CONFIRAM!!!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O CASO TROY DAVIS


A Amnesty International USA (Anistia Internacional dos USA) e do Brasil também (Anistia Internacional Brasil) está fazendo um apelo para que TODXS ajudem a parar a execução de Troy Davis! Ninguém ficará sentado silenciosamente em Atlanta e todo lugar em todo o mundo! Envie mensagens pelo site da Anistia:

Take Action Now - Amnesty International USA

Após um processo recheado de dúvidas, a justiça norte-americana está prestes a executar Troy Davis. Quem não fizer nada para impedir esta execução, será também seu responsável. Contra a pena de morte: justiça para Troy Davis! Mais informações, acesse:

Troy Anthony Davis


LIBERDADE A TODXS XS PRESXS POLÍTICXS!!!

http://www.amnesty.ca/atrisk/index.php/troy-davis/


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Absurdo da Mutilação Genital Feminina - MGF

O Drama da Mutilação Genital Feminina



O holocausto silencioso das mulheres a quem continuam a extrair o clítoris

Mais um tema actual e cruel que o Portugal Lusófono se dedica. Feita alguma pesquisa, chegámos á triste conclusão que 140 milhões, é o terrível numero de mulheres e crianças que já foram submetidas a uma das práticas mais cobardes hediondas do nosso planeta, e que representa um verdadeiro atentado à vida e saúde das mulheres. A esta prática da Circuncisão Feminina, tristemente conhecida como Mutilação Genital Feminina, são acrescentados a cada ano que passa, mais 2 milhões de novos casos em todo o mundo.

Pensava-se que esta (apelidada) tradição bárbara era prática só do continente africano e Médio Oriente. Mas não. Esta prática expandiu-se também aos chamados países civilizados da Europa, onde encapotadamente é praticada no seio de pequenas comunidades emigrantes provenientes dos locais acima referidos.

A Mutilação Genital Feminina (sigla MGF), termo que descreve esse acto com maior exactidão, é vulgarmente conhecida por excisão feminina ou Circuncisão Feminina. É uma pratica realizada em vários países principalmente da África, e da Ásia, que consiste na amputação do clitóris da mulher de modo a que esta não possa sentir prazer durante o acto sexual.

Embora acredita-se que esta prática seja muçulmana, em nada está fundamentada religiosamente, tendo em vista de que os hadices em que tentam conectar a prática ao Islão são fracos, sendo assim, esta prática não é adotada nos países onde a sharia é fortemente estudada.



Esta prática não tem nada em comum com a Circuncisão Masculina. Segundo essa tradição, pais bem intencionados providenciam a remoção das suas filhas pré-adolescentes do clítoris, e até mesmo dos lábios vaginais. Há uma outra forma de mutilação genital chamada de infibulação, que consiste na costura dos lábios vaginais ou do clítoris.

A circuncisão feminina é um termo que se associa a um determinado número de práticas incidentes sobre os genitais femininos e que têm uma origem de ordem cultural e não de ordem medicinal. É uma prática muito frequente em certas partes da África e é praticada também na Península Arábica e em zonas da Ásia. A prática da circuncisão feminina é rejeitada pela civilização ocidental.

É considerada uma forma inaceitável e ilegal da modificação do corpo infligida àqueles que são demasiado novos ou inconscientes para tomar uma escolha informada. É também chamada de mutilação genital feminina. A circuncisão feminina elimina o prazer sexual da mulher.

A sua prática acarreta sérios riscos de saúde para a mulher, e é muito dolorosa, por vezes de forma permanente. No primeiro mundo a circuncisão feminina é praticada por médicos, que trabalham com anestesia. Ela foi mais aplicada no século 19, em especial até os anos 1960 nos EUA e outros países, principalmente para podar clitóris ou lábios grandes. Achava-se que os órgãos grandes e muitas vezes saindo dos lábios maiores são muito feios e que tais meninas teriam uma maior tendência para tornarem-se prostitutas.


- Fonte Wikipedia



O que é a Mutilação Genital Feminina?


O holocausto silencioso das mulheres a quem continuam a extrair o clítoris

A mutilação genital feminina (MGF) é uma prática em que uma parte ou a totalidade dos órgãos sexuais de mulheres e crianças são removidos. Há vários tipos, que por sua vez têm gravidadas diferentes. Segundo as várias tradições são removidos o clítoris ou os lábios vaginais. Uma das práticas de maior gravidade, chamada infibulação, consiste na costura dos lábios vaginais ou do clítoris, deixando uma abertura pequena para a urina e a menstruação. Aproximadamente 15 % das mutilações em África são infibulações.

A MGF é levada a cabo em várias idades, desde depois do nascimento até à primeira gravidez, tendo a maioria lugar entre os quatro e oito anos.

Como é praticada a MGF?

A MGF pode ser realizada em clínicas por médicos, mas mesmo desta maneira, com anestesia, trata-se de mutilação genital feminina. No entanto, a maioria dos casos são realizados por mulheres da comunidade em que vive a mulher ou criança, com instrumentos de corte inapropriados (faca, caco de vidro, ou navalha).

Estes instrumentos são raramente esterilizados e anestesiados, podendo levar à transmissão da SIDA ou HIV, ou à morte. Em casos de infibulação, podem ser usados pontos ou espinhos para “manter” os lábios vaginais juntos, tendo as raparigas de ter as pernas atadas durante quarenta dias.

A MGF não é um costume inofensivo. Causa danos físicos e psicológicos irreversíveis, podendo ainda levar à morte de raparigas de todas as idades. Esta mutilação viola o direito da jovem a desenvolver-se psico-sexualmente de um modo saudável e natural. O que também deve ser considerado são os custos do tratamento contínuo devido às complicações físicas e psicológicas. A MGF é uma ofensa grave aos direitos humanos em geral, e aos direitos da mulher e criança, em especial.

Efeitos da MGF

Os efeitos da MGF podem, como acima referido, levar à morte. Na maioria dos casos, os efeitos consistem em infecções crónicas, sangrar intermitentemente, abcessos e pequenos tumores benignos no nervo, causando desconforto e extrema dor. A infibulação pode ter efeitos mais duradouros e mais graves, incluindo: infecção crónica do tracto urinário, pedras na vesícula e uretra, danos aos rins, infecções no tracto reprodutor devido a obstruções do fluxo menstrual, infecções pélvicas, infertilidade, e tecido excessivo da cicatriz.

Durante o parto, o tecido cicatrizado existente nas mulheres mutiladas pode romper. Mulheres infibuladas, que têm os lábios vaginais fechados, têm de ser cortadas para deixarem espaço para a criança nascer. Depois do parto, têm de voltar a ser “fechadas” para assegurar o prazer dos maridos.

Efeitos sobre a sexualidade

A MGF pode tornar a primeira relação sexual da mulher muito dolorosa, sendo mesmo perigosa no caso da mulher sofrer um corte aberto. Em certos casos, as relações sexuais das mulheres continuam dolorosas ao longo da vida.

Efeitos psicológicos

Os efeitos psicológicos da MGF são mais difíceis de investigar do que os efeitos físicos. Alguns destes efeitos incluem ansiedade, terror, humilhação e traição, todos dos quais terão possíveis efeitos de longa duração. Alguns especialistas sugerem que o choque e trauma da “operação” podem contribuir para os comportamentos “mais calmos” e “dóceis”, considerados características positivas em sociedades que praticam MGF.



Adicionalmente, quando ocorrem problemas, estes são raramente atribuídos às pessoas que executam a operação. Na maioria dos casos, a suposta “promiscuidade” das raparigas é considerada a causa. Estas acusações podem aumentar os sentimentos de culpa, de humilhação e ansiedade destas raparigas.

Porque se faz MGF

Muitas vezes são os pais que pagam ou iniciam a “prática”, para que as filhas possam casar com homens que não aceitariam mulheres não circuncisadas. Algumas culturas acreditam que os órgãos femininos são impuros e têm de ser purificados, e por isso erradicados.

Esta prática permite que somente os homens possam desfrutar o prazer sexual. Também se pensa que a MGF melhora a fertilidade e desencoraja a promiscuidade sexual. No entanto, esta prática leva à frigidez das suas vítimas e os seus maridos evitam o relacionamento sexual com as suas esposas, procurando relacionamentos extraconjugais.

Manifestarem-se contra esta mutilação é extremamente difícil pois podem ser acusadas de se oporem às tradições ancestrais e aos valores familiares, tribais e religiosos, sendo mesmo acusadas de rejeitar o seu próprio povo e sua identidade cultural.

Identidade Cultural

Os costumes e as tradições são, por conseguinte, as razões mais citadas para a MGF. O defunto Presidente do Quénia, Jomo Kenyatta, disse “a abolição...destruirá o sistema tribal”. Por estas razões, uma rapariga não é considerada uma adulta numa sociedade que pratica MGF, se não se tiver sido submetida à mutilação.

Identidade de Género

MGF é considerado muitas vezes necessário para que uma rapariga seja considerada uma mulher completa. Acredita-se que a remoção do clitóris e os lábios vaginais eleva a feminilidade da rapariga, sendo sinónimo da docilidade e obediência feminina. É muito possível que o trauma da mutilação tenha este mesmo efeito sobre a personalidade da rapariga, levando-a agir com tal docilidade e obediência. Quando a MGF faz parte de um rito, é muitas vezes acompanhada por uma sessão sobre o papel da mulher na sociedade.

Controlo sobre a sexualidade das mulheres e da reprodução

Em muitas sociedades, a razão dada para a MGF é a crença que esta prática reduz o desejo feminino para o sexo, reduzindo, portanto, as possibilidades de terem relações extraconjugais. Prevenir que as mulheres tenham relações sexuais “ilegítimas”, e “protegendo-as” de relações não queridas, é vital, pois a honra da família depende disto. No entanto, a infibulação não garante que não haja relações sexuais “ilegítimas”, visto que a mulher pode ser “aberta” e “fechada” várias vezes.

Em certas culturas, elevar o prazer sexual do homem é uma razão para a MGF, mesmo que os homens tendem a preferir mulheres não mutiladas como companheiras sexuais.

Higiene, estética e saúde

A limpeza e higiene são outros factores de justificação. De facto, em certas sociedades, mulheres não mutiladas são consideradas sujas e não têm autorização de distribuir comida e água.

Quantas mulheres são afectadas pela MGF?

O segredo à volta da MGF e a protecção dos que a executam torna mais difícil de obter a informação correcta do número de mulheres afectadas pela MGF. No entanto, por volta de 135 milhões de mulheres sofreram MGF no mundo inteiro, subindo de 2 milhões de raparigas em risco de sofrer MGF por ano – aproximadamente 6000 por dia – para três milhões.


- Vídeo 1: AQUI
- Vídeo 2: AQUI
- Vídeo 3: AQUI



Em que países se prática MGF?



O holocausto silencioso das mulheres a quem continuam a extrair o clítoris

A MGF é praticada na maioria dos casos em África, mas também é comum em certos países do Médio Oriente. Também acontece, devido a comunidades imigrantes, em certas regiões da Ásia e do Pacífico, América do Norte, América Latina, e Europa.

Mais de 28 países Africanos praticam MGF

· Benin: Prevalência entre 30% e 50%. A prática abrange as várias religiões: a Muçulmana, a Cristã, e os Animistas. Raparigas são submetidas à MGF entre os cinco e os quinze anos, dependendo da comunidade em que vivem.

· Burkina Faso: Prevalência de 78%
· Camarões: Prevalência de 15%
· República Central Africana: Prevalência de 35%
· Chade: Prevalência de 40%
· Costa do Marfim: Prevalência de 44.5%. Na Costa do Marfim, a MGF é mais comum em comunidades Muçulmanas (80%) do que em comunidades Católicas ou Protestantes (16%). Este rito de iniciação é geralmente praticado entre os quatro e sete anos.

· República Democrática do Congo
· Djibuti: Prevalência estimada entre 90% a 98%. A idade média das crianças submetidas ao ritual é entre os dois e os dez anos.

· Eritréia: Prevalência de 95%, o ritual varia consoante a idade em que se pratica e a comunidade em que vive. Enquanto certas comunidades praticam o ritual por volta dos sete anos da criança, em certas comunidades cristãs, a cerimónia é praticada quarenta dias após o nascimento da criança, e certas comunidades muçulmanas, praticam MGF em crianças de 1 semana.

· Etiópia: Prevalência entre 73% e 90%.
· Gâmbia: Prevalência entre 60% e 90%. As raparigas sofrem este ritual desde algumas semanas após o nascimento até aos quinze anos de idade, dependendo da comunidade. Este ritual é efectuado com uma faca tradicional que é transmitida de geração em geração.

· Ghana: Prevalência de 20%
· Guiné: Prevalência de 60%
· Guiné Bissau: Prevalência de 45%
· Quénia: Prevalência de 38%, sendo a operação efectuada entre os sete e quinze anos de idade.
· Libéria: Prevalência de 55%
· Mali: Prevalência entre 15% e 20%. O ritual é tradicionalmente feito como preparação para o casamento, por volta dos catorze ou quinze anos. No entanto, visto que a idade em que as mulheres se casam tem aumentado, as idades de iniciação tem diminuído drasticamente, indo desde algumas semanas após o nascimento até aos doze anos.



· Mauritânia: Prevalência de 55%
· Níger: Prevalência de 11%
· Nigéria: Prevalência de 60%, variando entre alguns meses após o nascimento até antes do casamento. Já foram relatados casos em que a prática foi efectuada após a morte da mulher ou durante o parto.

· Senegal: Prevalência entre 15% e 20%. A idade média em que se pratica a MGF está situada entre os dois e os doze anos, dependendo dos grupos. Como é o caso em vários outros países, a idade em que se pratica este ritual está a diminuir, na maioria dos casos devido à oposição oficial da prática.

· Serra Leoa: Prevalência entre 80% e 90%, praticada maioritariamente entre os onze e os quinze anos.
· Somália: Prevalência de 99%.
· Sudão: Prevalência de 90%. O ritual é praticado em raparigas entre os cinco e os dez anos, com raras excepções em bebés.

· Tanzânia: Prevalência de 18%, praticada geralmente entre os sete e os catorze anos. No entanto, desde a ratificação de uma lei proibindo a prática e o aumento de oposição das raparigas mais velhas, existem relatos em que a MGF é praticada em bebés.

· Togo: Prevalência de 12%.
· Uganda: Prevalência de 20%

Vários países da Ásia também praticam MGF
· Índia · Indonésia · Sri Lanka · Malásia

No médio oriente, a MGF é praticada nos seguintes países
· Egipto · Omán · Iémene · Emirados Árabes Unidos

A MGF também é praticada em grupos indígenas na América Central e do Sul, como por exemplo no Perú, mas existe pouca informação acerca deles. Devido à imigração, países onde anteriormente não se praticava MGF, têm agora sectores da população a praticá-la, incluindo:
· Austrália · Canada · Dinamarca · França
· Itália · Holanda · Suécia · Reino Unido · EUA



A UNICEF declarou que esta prática “pode ser eliminada no espaço de uma geração”. No entanto, a diminuição da taxa de prática do ritual não indica uma diminuição global. Por conseguinte, para erradicar a MGF serão exigidos mais esforços por parte dos governos, pela sociedade civil, e pela comunidade internacional.

Terão de ser influenciadas através de um empenho global colectivo. Líderes dos países em que se pratica MGF têm um papel importante para desencorajar esta prática. A Amnistia Internacional esforça-se para que os direitos destas mulheres e crianças sejam respeitados e acredita que com um empenho global colectivo se possa chegar ao objectivo desejado.


- Fonte Amnistia Internacional

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Imagem da Semana




Se você não vai até a democracia, a democracia vai até você.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

EXCLUSOS - A HIPOCRISIA DO SENHOR

Antes de mais nada queria pedir desculpas e ressaltar que fiquei ausente porque estava sem Internet em casa e por isso não pude postar, mas agora vou voltar a postar com mais freqüência, e pra começo, uma postagem sobre uma música da Excluso, A Hipocrisia do Senhor.

EXCLUSOS – A HIPOCRISIA DO SENHOR

Religião, enganação
Religião, alienação

Irmão unidos em busca da salvação
Ciclos de reza, prece, oração
Pagam dízimos, promessas, sermão
Lavagem cerebral sustentando a imaginação.

Religião, enganação
Religião, alienação

Igrejas crescem sustentadas por vocês
Enquanto milhões morrem e você finge não ver
Na igreja a hipocrisia de um senhor
Que não vê seu ‘filho’ morrendo de fome e dor.

Religião, enganação
Religião, alienação

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

25 de novembro - Dia MUNDIAL sem carne

(Clique na imagem para ampliar)

Neste dia, ao invés de comer carne, alimente um animal, pense na vida
que você quer para você e o mundo, pense no futuro dos seus filhos:
que planeta vamos lhes deixar?

O Dia Mundial sem Carne, Meatless Day, é uma campanha mundial lançada
para envolver tanta gente quanto possível, num compromisso de se
abster de toda a comida oriunda de violência (carnes bovinas, de aves,
peixes, etc), somente por este dia.

Essa campanha foi criada pela Missão Sadhu Vaswani, um santo da Índia
moderna cuja filosofia de vida inclui compaixão por todas as
criaturas. Sadhu Vaswani foi um Profeta da Reverência à vida, a voz
dos sem voz. A campanha do Meatless Day é um alerta sobre a
destruição provocada pela inconsciência do homem que queima as matas
sem a menor compaixão pelas espécies que vivem nas florestas.

Um alerta para o homem que ainda guarda o espírito predador, que
retira de seu habitat os animais, deformando sua constituição
genética para o próprio prazer e uso; o homem que fere mortalmente a
terra da qual obtém a vida, o homem, único animal realmente nocivo,
que mutila, fere e mata, sob tormentos cruéis, animais sem defesa.

Um alerta para que este ser chamado homem, detentor único da
racionalidade, corrija suas atitudes, resgate o respeito pelos seus
semelhantes e viva em harmonia e reverência com o milagre diário da Natureza.

Neste dia, alimente um animal, ao invés de se alimentar dele.

Fonte: Jornal de Yoga - boletim informativo da Casa de Yoga

"Enquanto estivermos matando e torturando animais, vamos continuar a torturar e a matar seres humanos - vamos ter guerra. Matar precisa ser ensaiado e aprendido em pequena escala." - Edgar Kupfer-Koberwitz

"Enquanto prendermos animais em gaiolas, teremos prisões, porque prender precisa ser aprendido em pequena escala." - Edgar Kupfer-Koberwitz

"Enquanto escravizarmos os animais, teremos escravos humanos, porque escravizar precisa ser aprendido em pequena escala." - Edgar Kupfer-Koberwitz

FONTE: Hábitos e Habitat

domingo, 15 de novembro de 2009

ATEUS DIVULGAM CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LULA


A ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) divulgou a partir de seu site na internet( http://atea.org.br ) uma Carta Aberta ao presidente Lula criticando recentes declarações dele sobre a questão religiosa. Na carta, os ateus defendem que "somente um estado verdadeiramente laico pode trazer liberdade religiosa verdadeira, através da igualdade plena entre religiosos de todos os matizes, assim como entre religiosos e não-religiosos de todos os tipos, incluindo ateus e agnósticos". Veja abaixo a íntegra do documento:Carta aberta dos ateus ao presidente Lula.

Caro presidente

O senhor chegou ao poder carregado pela bandeira de uma sociedade mais justa e mais inclusiva. O uso da palavra "excluídos" no vocabulário das políticas públicas tem o mérito de nos lembrar que as conquistas de nossa sociedade devem ser estendidas a todos, sem exceção. Sim, devemos incluir os negros, incluir as mulheres, incluir os miseráveis, incluir os homossexuais. Mas, presidente, também é preciso incluir ateus e agnósticos, e todos os demais indivíduos que não têm religião.Infelizmente, diversas declarações pessoais suas, assim como políticas do seu governo, têm deposto em contrário.
Ontem mesmo(dia 27 de agosto)[grifos meus] o senhor afirmou que há "muitos" ateus que falam sobre a divindade da mitologia cristã quando estão em perigo. Ora, quando alguém diz "viche", é difícil imaginar que esteja pensando em uma mulher palestina que se alega ter concebido há mais de dois mil anos sem pai biológico. Com o tempo, algumas expressões se cristalizam na língua e perdem toda a referência ao seu significado estrito. Esse é o caso das interjeições que são religiosas em sua raiz, mas há muito estão secularizadas. Se valesse apenas a etimologia, não poderíamos nem falar "caramba" sem tirar as crianças da sala.
Sua afirmação é a de quem vê “muitos” ateus como hipócritas ou autocontraditórios, pessoas sem força de convicção que no íntimo não são descrentes. Nós, membros da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, não temos conhecimento desses ateus, e consideramos que essa referência a tantos de nós é ofensiva e preconceituosa. Todos os credos e convicções têm sua generosa parcela de canalhas e incoerentes; utilizar os ateus como exemplo particular dessas características negativas, como se fôssemos mais canalhas e mais incoerentes, é uma acusação grave que afronta a nossa dignidade. E os ateus, presidente, também têm dignidade.
Duas semanas atrás, o senhor afirmou que a religião pode manter os jovens longe da violência e delinqüência e que “com mais religião, o mundo seria menos violento e com muito mais paz”. Mas dizer que as pessoas religiosas são menos violentas e conduzem mais à paz é exatamente o mesmo que dizer que as pessoas menos religiosas são mais violentas e conduzem mais à guerra. Então, presidente, segundo o senhor, além de incoerentes e hipócritas, os ateus são criminosos e violentos? Não lhe parece estranho que tantos países tão violentos estejam tão cheios de religião, e tantos países com frações tão altas de ateus tenham baixíssimos índices de criminalidade? Não é curioso que as cadeias brasileiras estejam repletas de cristãos, assim como as páginas dos escândalos políticos? Algumas das pessoas com convicções religiosas mais fortes de que se tem notícia morreram ao lançar aviões contra arranha-céus e se comprazeram ao negar o direito mais básico do divórcio a centenas de milhões de pessoas. Durante séculos.
O mundo realmente tinha mais paz e menos violência quando havia mais religião? O despotismo dos soberanos católicos na Europa medieval e a crueldade dos feitores e senhores de escravos no Brasil-colônia vieram de pessoas religiosas em um mundo amplamente religioso que violentava povos e mentes em nome da religião. O mundo não tinha mais paz nem menos violência naquela época, como o sabem muito bem os negros e índios.
Não eram católicos os generais da ditadura contra a qual o senhor lutou, e o seu exército de torturadores? Não haveria um crucifixo nas paredes do DOPS onde o senhor foi preso? A base dos direitos individuais invioláveis pela qual o senhor tanto lutou são as democracias modernas, seculares e laicas, e não os regimes religiosos. Tanto a geografia como a história dão exemplos claros de que mais religião não traz mais paz nem menos violência.
A prática de diminuir, ofender, desumanizar, descaracterizar e humilhar grupos sociais é antiga e foi utilizada desde sempre para justificar guerras, perseguição e, em uma palavra, exclusão. Presidente, por que é que o senhor exclui a nós, ateus, do rol de indivíduos com moralidade, integridade e valores democráticos?
No Brasil, os ateus não têm sequer o direito de saberem quantos são. O Estado do qual eles são cidadãos plenos designa recenseadores para ir até suas casas e lhes perguntar qual é sua religião. Mas se dizem que são ateus ou agnósticos, seus números específicos lhes são negados. Presidente, através de pesquisas particulares sabemos que há milhões de ateus no país, mas o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que publica os números de grupos religiosos que têm apenas algumas dezenas de membros, não nos concede essa mesma deferência. Onde está a inclusão se nos é negado até o direito de auto-conhecimento? Esse profundo desrespeito é um fruto evidente da noção, que o senhor vem pormenorizando com todas as letras, de que os ateus não merecem ser cidadãos plenos.
Presidente, queremos aqui dizer para todos: somos cidadãos, e temos direitos. Incluindo o de não sermos vilipendiados em praça pública pelo chefe do nosso Estado, eleito com o voto, também, de muitos ateus, que agora se sentem traídos.
Presidente, não podemos deixar de apontar que somente um estado verdadeiramente laico pode trazer liberdade religiosa verdadeira, através da igualdade plena entre religiosos de todos os matizes, assim como entre religiosos e não-religiosos de todos os tipos, incluindo ateus e agnósticos. Infelizmente, seu governo não apenas tem sido leniente com violações históricas da laicidade do Estado brasileiro, como agora espontaneamente introduziu o maior retrocesso imaginável nessa área que foi a assinatura do acordo com a Sé de Roma, escorado na chamada lei geral das religiões.
Ambos os documentos constituem atentado flagrante ao art. 19 da Constituição Federal, que veda “relações de dependência ou aliança com cultos religiosos ou igrejas”. E acordos, tanto na linguagem comum como no jargão jurídico, são precisamente isso: relações de aliança. Laicidade, senhor presidente, não é ecumenismo. O acordo com Roma já era grave; estender suas benesses indevidas a outros grupos não diminui a desigualdade, apenas a aumenta. Nós não queremos privilégios: queremos igualdade e o cumprimento estrito da lei, e muitos setores da sociedade, religiosos e laicos, têm exatamente esse mesmo entendimento.
Além de violar nossa lei maior, a própria idéia da lei geral das religiões reforça a política estatal de preterir os ateus sempre e em tudo que lhes diz respeito como ateus. Com que direito o Estado que também é nosso pode ser seqüestrado para promover qualquer religião em particular, ou mesmo as religiões em geral? Com que direito os religiosos se apossam do dinheiro dos nossos impostos e do Estado que também é nosso para promover suas crenças particulares? Religião não é, e não pode jamais ser política pública: é opção privada.
O Estado pertence a todos os cidadãos, sem distinção de raça, cor, idade, sexo, ideologia ou credo. Nenhum grupo social pode ser discriminado ou privilegiado. Esse é um princípio fundamental da democracia. Isso é um reflexo das leis mais elementares de administração pública, como o princípio da impessoalidade. Caso aquelas leis venham de fato integrar-se ao nosso ordenamento jurídico, os ateus se juntarão a tantos outros grupos que irão ao judiciário para que nossa realidade não volte ao que era antes do século retrasado.
Presidente, por tudo isso será que os ateus não merecem inclusão sequer em um pedido de desculpas?


Fonte: ATEA

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PERSÉPOLIS


Teerã, 1979. Marji, uma menina nascida em uma família moderna e politizada, é testemunha da Revolução Popular (posteriormente conhecida como Revolução Islâmica) que derrubou o Xá Reza Pahlevi e instaurou uma teocracia retrógrada e autoritária, comandada pelo então Aiatolá Khomeyni, especialmente no que diz respeito às mulheres. Aos dez anos, ela se viu de repente obrigada a usar o véu e estudar separada de seus amigos meninos. Alguns parentes e amigos fogem do país, outros antigos opositores do Xá são mortos pelo novo regime, explode a guerra Irã-Iraque. Por viver num meio tão repressivo e sem perspectiva, e por pensar demais, e em voz alta, seus pais mandam Marji para o exílio na Áustria aos catorze anos, onde ela vive as transformações, alegrias e decepções da adolescência, mas com um problema: sua família não está lá para apoiá-la. Após quatro anos, ela volta para o Irã e descobre o que já temia: ela era uma estrangeira na Áustria e agora, uma estrangeira em seu próprio país.
Após permanecer alguns anos em Teerã, onde estudou Belas Artes, Marjane se muda definitivamente para Paris em 1994, para concluir seus estudos. Foi então que ela começou a desenhar “Persépolis” a seus amigos franceses, para contar sua história. A série foi muito bem recebida: vendeu 400 mil exemplares só na França, e foi licenciada em vários países, inclusive no Brasil: a Cia. das Letras lançou os quatro volumes, e depois os reuniu num volume único, “Persépolis Completo” (aqui eu fico com pena de quem comprou todos os volumes e gastou mais de 100 reais, já que a compilação custa só 39 reais!), que é o scan que postei aqui.

Baixe a HQ completa AQUI




Baixe a animação:
Parte 01
Parte 02
Parte 03
Parte 04

Créditos: F.A.R.R.A. again!


Tanto sucesso rendeu uma excelente animação, tão simples e por isso mesmo tão brilhante, que realça ainda mais o sentimento de cumplicidade de Marjane com o público, de como ela se abre ao narrar sua trajetória. O filme foi contemplado com o Prêmio especial do Júri no Festival de Cannes de 2007 e foi escolhido pelos espectadores da Mostra Internacional de São Paulo, junto com “Na Natureza Selvagem”, o melhor filme da seleção. Foi indicado oficialmente pelo governo francês para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas foi ignorado, permanecendo somente na catgoria Melhor Animação. E foi duramente criticado pelo governo iraniano (óbvio), que recebeu uma resposta formal do Júri de Cannes: o festival é independente e não cede à pressões de nenhum tipo (viva a democracia!)
Hoje é fato que Marjane Satrapi é persona non grata no Irã, mas uma coisa é certa: ela não fez cinema francês, nem iraniano. Fez cinema, e de primeira qualidade. Sua obra consegue ser, ao mesmo tempo, triste e divertida, real e fantasiosa, intimista e universal.

Bom, baixem e tirem suas conclusões. See you next time!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Encanto Nosso de Cada Dia


Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos que suportar uma segunda feira eterna?
A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência. Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.
O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e triste, deixou de cantar.
Foi então que a menina descobriu que, o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir.
Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário, para que a menina pudesse suportar a vida. O encanto alivia a existência...Aprisionado, ela o possuia, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto!
Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto... Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza.
Amar talvez seja isso: Ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também.
Precisamos descobrir, que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida em que nos empenharmos em não reter a vida.
Viver é exercício de desprendimento. É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele, e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.
Há uma beleza escondida nas passagens... Vida antiga que se desdobra em novidades. Coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem. Deixar a vida seguir. Não há tristeza que mereça ser eterna.
Nem felicidade. Talvez seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender o sentimento da tristeza e da alegria. Eles só são suportáveis à medida em que os dividimos...
E enquanto dividimos, eles passam, assim como tudo precisa passar.
Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando... Uma redenção está sendo nutrida nessa hora...
Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só pra você. Ele só é encantado porque você não o possui.
E nisto consiste a beleza desse instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado, quando você menos imaginar, voltar a pousar na sua janela.

Autor: Fábio de Melo

Ps.: Valeu Larissa por me enviar esse texto!

II Parada da Diversidade

(Clique na imagem para ampliar)

Sexta-feira, 13 de Novembro, as 19:00 horas, no teatro Laranjeiras, Cruz das Almas, acontecerá a festa de lançamento da II Parada da Diversidade, com Exclusos, Radiassonica, Dj Lc, Dj Kk, Dj Alfredo e Neto do Rap.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

9 de novembro de 1989: o povo derruba o 'muro da vergonha'


O peso das pessoas literalmente derrubou, no dia 9 de novembro de 1989, o muro de Berlim, também conhecido como o "muro da vergonha", principal símbolo da guerra fria, que durante 28 anos marcou a ferro e fogo a vida dos berlinenses.

O muro, construído em agosto de 1961, foi a materialização da famosa imagem descrita por Winston Churchill quando, no final da década de 40, declarou que "uma cortina de ferro" tinha caído sobre o leste da Europa.

Essa fria noite de novembro pôs fim a um longo êxodo de alemães orientais, que se valendo os métodos mais diversificados, simples ou sofisticados, se lançaram durante 28 anos à aventura de cruzar o muro por cima ou por baixo: 239 pessoas morreram nessa tentativa e 4.000 conseguiram chegar ao lado ocidental.

A queda do muro de Berlim começou a ser gestada com a política de liberalização e reestruturação - glasnost e perestroika - lançada pelo então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Mikhail Gorbachov.

A abertura no mundo socialista impulsionou milhares de cidadãos da República Democrática Alemã (RDA) a marchar para a fronteira com a Hungria, cujas autoridades terminaram - em setembro de 1989 - a lhes dar passagem para a Áustria, onde lotaram a sede da embaixada da outra Alemanha, a República Federal (RFA), à procura de asilo: 51.500 pessoas conseguiram assim passar para o lado ocidental.

Enquanto a glasnost e a perestroika avançavam a grandes passos na Europa do Leste, a RDA de Eric Hoeneker - assim como a Romênia de Ceaucescu - resistia à mudança, apesar da pressão da própria Moscou.

A crise da RDA era grande: em todo ano de 1989 mais de 130.000 de seus cidadãos emigraram para a RFA, enquanto as manifestações, sem precedentes, se multiplicavam. Em outubro, Honecker foi suplantado por Egon Krenz.

No dia 4 de novembro, pelo menos um milhão de pessoas se reuniram em Berlim Oriental na maior manifestação de protesto na história da RDA. No dia 9 de novembro, as sentinelas que evitavam a queda das paredes de concreto cederam à avalanche humana.

Berlim era uma festa de alegria e emoção na qual correram rios de cerveja e champanhe. Os berlinenses do leste e oeste se abraçavam, choravam, riam e bebiam para celebrar a reunificação da antiga capital alemã, e a conseqüente reunificção do país que tinha se dividido depois da derrota de Hitler na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A demolidora contraofensiva do Exército Vermelho de Stalin tinha ocupado boa parte da Europa do Leste, chegando às portas de Berlim em abril-maio de 1945. A União soviética impôs regimes comunistas em todos os países controlados por suas tropas: Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, Romênia e Bulgária, enquanto a Iugoslávia criou seu próprio sistema sob o marechal Josif Broz "Tito".

Depois do fim da guerra, foi dividido o que restava da Alemanha de Hitler em dois Estados (RFA e RDA) e sua capital, Berlim - que ficou dentro da RDA - foi dividida na conferência de Postdam em quatro setores de influência controlados pelas quatro potências vencedoras: Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética.

Os soviéticos saíram em 1948 da comissão interaliada que controlava a cidade, e interceptaram as comunicações entre os setores aliados de Berlim e o restante da Alemanha, obrigando os Estados Unidos a criarem uma ponte aérea para abastecer a cidade durante um ano.

Na noite de 12 a 13 de agosto de 1961, o governo soviético de Berlim começou a construir o muro para cercar a parte ocidental da cidade com a justificativa de deter a 'invasão" de "espiões e sabotadores" na RDA, mas que na realidade tratava de por fim a um êxodo maciço de alemães-orientais que fugiam da miséria e do totalitarismo. Desde 1945, três milhões de alemães-ofientais haviam escapado para o ocidente.



Fonte: AFP

[Itália] Gênova 2001: um século de prisão contra os "Black Bloc"?


Um século de prisão para os manifestantes que "devastaram" e "saquearam" Gênova nos protestos antiglobalização do G8 de 2001

Na sexta-feira, 9 de outubro, dois dias após a absolvição do ex-chefe da Polícia italiana Gianni De Gennaro e do antigo responsável do Grupo Policial Antiterrorista da Itália (Digos) Spartaco Mortola de um processo sobre os distúrbios registrados na cúpula do G8 de 2001 em Gênova, ocorreram novamente as mais duras medidas, contra 10 citados membros dos "Black Bloc" : 98 anos e 9 meses de prisão, no seu conjunto. Prescrição e absolvição para 15 outros citados participantes nas "desordens", mas com a atenuante de terem reagido a uma carga ilegal da polícia [referente aos dissidentes do Tute Bianche, agora Disobbedienti].

Na segunda seção do Tribunal de recurso liguriano foi lido o veredicto, ao meio-dia: Vincenzo Puglisi foi condenado a 15 anos de prisão, Vincenzo Vecchi 13 anos e 3 meses, Marina Cugnaschi a 12 anos e 3 meses. “As penas a que condenaram estes jovens nem a assassinos costumavam ser aplicadas. Se esses jovens cometeram algum delito foi contra coisas, objetos, não contra pessoas”, “Engavetar 10 para dar lição a 10 milhões”, foram alguns dos protestos que se ouviram da parte do público, na sala de julgamento do Tribunal.

Os advogados estão desconcertados e consideram a decisão "inacreditável" (esperada há 3 meses), apesar das considerações escritas do veredicto falarem por si, "sobre isto tinha a intuição, após as mais recentes sentenças, de que iria correr mal: mas neste caso há argüidos que foram condenados há mais de 10 anos por estragos de apenas uma vitrine!", comentou o advogado dos réus Roberto Lamma.

Maria Rosaria de Angelo, Presidente do Tribunal, alterou parcialmente a decisão decidida em primeira instância em dezembro de 2007: o total das sentenças diminuiu pouco (10 anos menos), para um pequeno grupo, mas endureceu as penas contra os "Black Bloc".

Juízes confirmaram que a carga da polícia sobre a multidão, no dia 20 de julho, na via Tolemaide, foi ilegítima. Esse ataque contra a manifestação semeou um caos infernal, causando ainda a morte de Carlo Giuliani [assassinado pelos policiais, que utilizaram uma espingarda, durante a tentativa daquele de virar um jipe dos carabineiros (Polícia Militarizada)].

Massimiliano Monai, que esteve ao lado de Giuliani, no grupo de jovens que tentou virar o jipe e o tentou proteger da espingarda que o matou, foi condenado em primeira instância, a 5 anos de prisão, mas não irá cumprir a pena, por prescrição da mesma.

"Sinto-me honrado em ter participado, como homem livre, num dia de protesto contra a economia capitalista", disse Vincenzo Vecchi, pouco depois de ter ouvido a sentença.

Carlo Cuccomarino foi condenado a 8 anos, Luca Finotti a 10 anos e 9 meses, Alberto Funaro a 10 anos, Dario Ursino a 7 anos. Antonino Valguarnera, que tinha completado o serviço militar na Bósnia, antes do G8 e até foi condecorado, acusado de ter atirado coquetéis molotov, foi condenado há oito anos.

Texto lido por um anarquista durante o processo dos 25, em 7 de dezembro de 2007, na sala de julgamento do Tribunal de Gênova

Antes de tudo desejava fazer um parêntese: como anarquista, considero que os conceitos burgueses de culpabilidade ou de inocência são destituídos de sentido.

A decisão de desejar debater, no curso de um processo de ações criminais que me são atribuídas e a outras pessoas, sobretudo de exprimir idéias que caracterizem a minha maneira de ser e de perceber as coisas poderá ser objeto de interpretação errôneas: antes de mais nada é necessário precisar que o espírito dentro do qual eu fiz esta declaração, após anos de especulação midiática dos fatos que estão em discussão nesta sala e também que sou eu o porta-voz de outros inculpados.

Nesta breve declaração não procuro nem escapatórias nem justificações: é completamente absurdo que aqui decidam o que é legítimo para se revoltar ou não... nunca conseguirão impedir a revolta!

Relendo os fatos, numa certa ótica, com um certo tipo de linguagem (o da burocracia dos tribunais, para ser claro), não resistindo a considerá-los de maneira parcial, mas também em deformar a imagem, a disposição histórica, social e política, isso significará retirar os acontecimentos completamente de todo o contexto no qual foram produzidos.

O que me acusam neste processo, o delito de devastação e saque, implica na linguagem do código que “uma pluralidade de pessoas tomou posse de forma indiscriminada de uma quantidade considerável de objetos a fim de produzir uma devastação”. Penas muito elevadas são reclamadas para este tipo de delito, se bem que ele não se revista de ações particularmente odiosas ou atrozes.

Tenho sempre assumido a plena responsabilidade e as eventuais conseqüências das minhas ações, e confirmado a minha presença em 20 de julho de 2001 na jornada de mobilização contra o G8, melhor, honra-me ter participado como homem livre numa ação radica coletiva, sem nenhuma estrutura à minha volta.

E eu não estava só, estavam como eu centenas de milhares de pessoas, cada uma delas empenhando-se com os parcos meios para se opor a uma ordem mundial apoiada numa economia capitalista que se tem definido pela presença neoliberal... a famosa globalização econômica edificada sobre a fome de milhões de pessoas espalhadas pelo planeta, que obriga as massas ao exílio, para em seguida as deportar e as encarcerar, que provoca guerras e massacres de populações inteiras: é a isto que denomino, eu, devastação e roubo!

No curso desta enorme experiência a céu aberto, realizada em Gênova, (os meses anteriores e os seguintes onde se teve a “quermesse dos devastadores e saqueadores ao nível planetário”) que certos retardatários se obstinam a designar por gestão da rua, foi realizada uma ruptura tempo: a partir de Gênova, nada será como antes, nem nas ruas nem nos processos que surgirão de eventuais desordens.

Com tais veredictos, abre-se a via a um modus operandi que desenvolverá uma práxis natural em casos similares, quer dizer, carregar sobre a multidão de manifestantes para intimidar quem se atrever a participar em manifestações, comícios, passeatas...

...Eu não pretendo falar sobre as medidas preventivas contra o terrorismo psicológico, nem discutir o conceito de violência sobre aqueles que a perpetuam e que dizem que dela nos defendem etc. Não que eu tenha uma posição ambígua sobre o uso ou não de certos meios na luta de classes, mas porque não é este o lugar para desenvolver um debate que pertence ao movimento antagonista ao qual pertenço.

Uma observação a propósito do processo contra as forças da ordem¹. No julgamento das referidas forças, tenta-se fazer um sentido à justiça... Os procuradores têm buscado comparar a polícia e os manifestantes, em relação à violência entre eles, como se trata-se de uma guerra de gangues: sem rodeios, vou apenas dizer que eu nunca sonharia em beliscar sequer pessoa algemadas, ajoelhadas, nuas, numa atitude obviamente inofensiva na intenção de humilhá-las no seu corpo e na sua mente...

Agora estou acostumado a ser comparado a um provocador, um infiltrado etc. [acusações pronunciadas após Gênova pelos Tute Bianche, ATTAC etc. contra o Black Bloc] e mais ainda, ser comparado a um torturador de uniforme é realmente chocante! É digno de quem o formulou.

E, em seguida, realizar um julgamento contra a polícia e os carabineiros, só para dizer que estamos numa democracia, significa reduzir tudo a um punhado de desviantes violentos, por um lado, a um caso de excesso de zelo na aplicação do código, por outro.

Isso, além de ser sinônimo de pobreza intelectual, mostra quão pouco há motivo para perder tempo a fim de preservar a ordem atual das coisas.

Do meu ponto de vista, para processar a polícia paralelamente aos manifestantes significa investir as forças chamadas de ordem um papel importante nos acontecimentos. Isso significa devolver importância às pessoas que saíram às ruas para expressar o que pensavam desta sociedade, relegando-as ao seu papel de vítimas históricas de um poder onipotente.

Carlo Giuliani, como tantos outros dos meus companheiros, foi morto por ter expressado tudo isso com a coragem e dignidade que sempre caracterizaram os insubmissos a esta ordem das coisas.

Embora as relações entre os indivíduos sejam reguladas por órgãos externos, que representam apenas uma pequena minoria social, isso não vai durar.

E como eu não tenho ilusões, eu atribuo um significado preciso à palavra democracia: a idéia de que um representante da ordem estabelecida seja julgado por ter cumprido a lei faz-me sinceramente sorrir. O Estado julga o Estado, como diria alguém com um título adequado.

Haverá provavelmente condenações no nosso processo e eu certamente não as considerarei como um sinal de indulgência ou de uma cabala contra nós.

Elas devem, em todos os casos, ser consideradas como um ataque contra todos aqueles que de uma forma ou de outra, sempre terão de pôr em perigo as suas vidas a fim de transformar o existente da melhor maneira possível.

[1] Paralelo ao processo contra as 25 pessoas acusadas de "devastação e saque" que teve contra a polícia (e médicos) acusados das torturas mais graves nas casernas da Bolzaneto. Em 11 de março de 2008, os procuradores pediram quase 76 anos contra 44 argüidos (5 anos e 8 meses no máximo), sabendo que todos os crimes serão prescritos em 2009 e a data da sentença não está determinada.

Tradução > Liberdade à Solta

FONTE: CMI - Centro de Mídia Independente

Créditos: .D.ebie (obrigado pelo recado ;])

domingo, 8 de novembro de 2009

ODEIO RODEIO!



Clique na imagem para ampliar.

Boicotar Rodeios é mais do que, simplesmente, não pagar por um ingresso. Boicotar é espalhar a consciência animal, denunciar os maus-tratos, lutar contra a perpetuação desse folguedo movido à crueldade. Articule ações perante os poderes públicos para que sua cidade deixe de receber competições de provas campeiras.



domingo, 1 de novembro de 2009

SEDE DA FEDERAÇÃO ANARQUISTA GAÚCHA INVADIDA POR POLICIAIS!!!


[A sede da Federação Anarquista Gaúcha (FAG) foi invadida por dezenas de policiais no dia 29/10, por volta das 16 horas. A ação policial, sob um mandado de busca e captura, visava recolher material de propaganda contra a governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius, que decidiu mover uma ação por injúria, calúnia e difamação contra ativistas da organização anarquista. No local da FAG, na rua Lopo Gonçalves, Cidade Baixa, os policiais apreenderam vários materiais de propaganda, documentos e um computador. Integrantes da FAG prestaram depoimentos na 17ª Delegacia Policial e foram liberados. A governadora do Rio Grande do Sul é acusada de estar envolvida em uma série de escândalos de corrupção que atingiu o seu governo e resultou no afastamento de quatro secretários estaduais. Contudo, no dia 20 de outubro, a Assembléia Legislativa gaúcha aprovou relatório de comissão especial que propôs arquivar processo de impeachment contra a governadora. A seguir três comunicados públicos da FAG.]


1º Comunicado

Neste exato momento – quinta-feira, 29 de outubro de 2009, a partir das 16 horas - a Polícia Civil do RS sob o comando da governadora Yeda Crusius promove diligência na sede da Federação Anarquista Gaúcha (FAG). O mandado de segurança do governo busca apreender material de propaganda política contra o governo acusado de corrupção. Os cartazes abordam o empréstimo junto ao Banco Mundial e o assassinato do sem-terra Eltom Brum. Este ato é pura provocação do Executivo gaúcho, atravessado por atos de corrupção e situações até hoje sem explicação, como a morte de Marcelo Cavalcante em fevereiro desse ano. Convocamos as forças vivas da esquerda gaúcha para reagirmos de forma unificada contra mais esse desmando.

Solidariamente,
Federação Anarquista Gaúcha (FAG)


2º Comunicado

Material de propaganda e CPU da FAG apreendidos

Nesse momento, quinta-feira, 29 de outubro, 2009, às 17h31, temos compas respondendo na 17ª DP, localizada na rua Voluntários da Pátria, 1500, perto da Rodoviária de Porto Alegre. A Polícia Civil apreendeu material impresso, chapas de cartazes e inclusive a CPU do computador da sede. Isso se trata de uma conspiração oficial para atacar uma das forças da esquerda não parlamentar e com base social real no RS!

Era de se esperar uma reação como essa, em função da FAG sempre haver atuado com modéstia mas tenacidade, sendo das mais aguerridas em todas as circunstâncias na defesa dos interesses e objetivos estratégicos do povo gaúcho. Vamos fazer uma denúncia pública e provar para as classes oprimidas do RS a natureza desse ataque vil sob ordem de um governo acusado dos mais graves crimes.

Não tá morto quem peleia!

Federação Anarquista Gaúcha (FAG)


3º Comunicado

Toda a solidariedade para com a FAG! Antes a repressão foi contra o sem terra Eltom, hoje é na sede da FAG, amanhã quem será?

A repressão do governo Yeda foi além do esperado. Dois compas foram processados e responderam a processo de parte de um governo acusado de dezenas de crimes, e alvo de investigações federais em seqüência. Até a repressão do Estado liberal-burguês vê a esta gestão como alegando investigar uma propaganda contra a sua gestão, a polícia civil do RS apreendeu documentos internos da Federação Anarquista Gaúcha, intimou
aqueles que mesmo prestando apenas a sua solidariedade constavam de registros da página de internet da organização. Não bastasse a apreensão da CPU e do backup do computador, levaram documentos internos (como ata de reuniões), material de propaganda público e até os resíduos que estavam na lixeira da sede.

Imediatamente a solidariedade de classe se fez notar, repercutindo no Rio Grande do Sul, por todo o Brasil, na América Latina e, a partir da Espanha, por organizações anarquistas e movimentos populares de todo o mundo.

Pedimos a solidariedade de companheiras e companheiros para difundirem e
traduzirem esta três notas em seqüência.

Solidariamente,
Federação Anarquista Gaúcha (FAG)
secretariafag@vermelhoenegro.org
www.vermelhoenegro.org/fag

POLICE BASTARD - DOOM
Big Brother Watching You
Everything You Say An Do

Police
Police Bastard x2

Hiding In The Shadows
Of Their Uniformed Fear

Police
Police Bastard x2

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Lógica Capitalista?

(Clique na imagem para ampliar, se quiser, é claro)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Homofobia Não!




"Homofobia é a prova do quanto o ser humano pode ser irracional e sem noção de respeito ao próximo, seja quem for." - Thiago Silvestre, Mr. Gay Brasil






Entre 1948 e 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a homossexualidade como um transtorno mental. Em 17 de maio de 1990, a assembléia geral da OMS aprovou a retirada do código 302.0 (Homossexualidade) da Classificação Internacional de Doenças, declarando que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. A nova classificação entrou em vigor entre os países-membro das Nações Unidas em 1993. Com isso, marcou-se o fim de um ciclo de 2000 anos em que a cultura judaico-cristã encarou a homossexualidade primeiro como pecado, depois como crime e, por último, como doença.
Apesar deste reconhecimento da homossexualidade como mais uma manifestação da diversidade sexual, as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) ainda sofrem cotidianamente as conseqüências da homofobia, que pode ser definida como o medo, a aversão, ou o ódio irracional aos homossexuais: pessoas que têm atração afetiva e sexual para pessoas do mesmo sexo.



A homofobia define o ódio, o preconceito, a repugnância que algumas pessoas nutrem contra os homossexuais. Aqueles que abrigam em sua mente esta fobia ainda não definiram completamente sua identidade sexual, o que gera dúvidas, angústias e uma certa revolta, que são transferidas para os que professam essa preferência sexual. Muitas vezes isso ocorre no inconsciente destes indivíduos.


Para reafirmar sua sexualidade e como um mecanismo instintivo de defesa contra qualquer possibilidade de desenvolver um sentimento diferente por pessoas do mesmo sexo, os sujeitos tornam-se agressivos e podem até mesmo cometer assassinatos para se preservarem de qualquer risco. Muitas vezes, porém, a homofobia parte do próprio homossexual, como um processo de negação de sua sexualidade, às vezes apenas nos primeiros momentos, outras de uma forma persistente, quando o indivíduo chega a contrair matrimônio com uma mulher e a formar uma família, sem jamais assumir sua homossexualidade. Quando este mecanismo se torna consciente, pode ser elaborado através de uma terapia, que trabalha os conceitos e valores destes indivíduos com relação à opção homossexual.

O termo homofobia foi empregado inicialmente em 1971, pelo psicólogo George Weinberg. Esta palavra, de origem grega, remete a um medo irracional do homossexualismo, com uma conotação profunda de repulsa, total aversão, mesmo sem motivo aparente. Trata-se de uma questão enraizada ao racismo e a todo tipo de preconceito. Este medo passa pelo problema da identificação grupal, ou seja, os homófobos conformam suas crenças às da maioria e se opõem radicalmente aos que não se alinham com esses papéis tradicionais que eles desempenham na sociedade, ainda que apenas na aparência.


Alguns assimilam a homofobia a um tipo de xenofobia, o terror de tudo que é diferente. Mas esta concepção não é bem aceita, porque o medo do estranho não é a única fonte em que os opositores dos homossexuais bebem, pois há também causas culturais, religiosas – principalmente crenças cristãs (católicas, protestantes), judias ou muçulmanas -, políticas, ideológicas – grupos de extrema-esquerda e de extrema direita -, e outras que se entrelaçam igualmente no preconceito. Geralmente os fundamentalismos não cedem espaço ao homossexualismo. Há, porém, dentro dos grupos citados, aqueles que defendem e apóiam os direitos dos homossexuais. Dentro das normas legais, também há variantes, ou seja, há leis que entre casais do mesmo sexo e casais do sexo oposto se diversificam. E, por mais estranho que pareça, em pleno século XXI, alguns países aplicam até mesmo a pena de morte contra homossexuais.

O homófobo pode reagir perante os homossexuais com calúnias, insultos verbais, gestos, ou com um convívio social baseado na antipatia e nas ironias, modos mais disfarçados de se atingir o alvo, sem correr o risco de ser processado, pois fica difícil nestes casos provar que houve um ato de homofobia. Alguns movimentos são realizados em código, compartilhados no mundo inteiro pelos adversários dos homossexuais, tais como assobios, alguns cantos e bater palmas.




Lei PLC 122/06

Apóie a aprovação do PLC 122/06. Em menos de 1 minuto, você assina o abaixo-assinado, envia seu voto para os 81 senadores e ainda indica a Campanha para seus amigos. Entre no site https://www.naohomofobia.com.br/home/index.php e veja como apoiar a campanha.

Nos últimos 30 anos, o Movimento LGBT Brasileiro vem concentrando esforços para promover a cidadania, combater a discriminação e estimular a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

A partir de pesquisas que revelaram dados alarmantes da homofobia no Brasil, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), juntamente com mais de 200 organizações afiliadas, espalhadas por todo o país, desenvolveram o Projeto de Lei 5003/2001, que mais tarde veio se tornar o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que propõe a criminalização da homofobia.

O projeto torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero - equiparando esta situação à discriminação de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, sexo e gênero, ficando o autor do crime sujeito a pena, reclusão e multa.

Aprovado no Congresso Nacional, o PLC alterará a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, caracterizando crime a discriminação ou preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. Isto quer dizer que todo cidadão ou cidadã que sofrer discriminação por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero poderá prestar queixa formal na delegacia. Esta queixa levará à abertura de processo judicial. Caso seja provada a veracidade da acusação, o réu estará sujeito às penas definidas em lei.

O texto do Projeto de Lei PLC 122/2006 aborda as mais variadas manifestações que podem constituir homofobia; para cada modo de discriminação há uma pena específica, que atinge no máximo 5 anos de reclusão. Para os casos de discriminação no interior de estabelecimentos comerciais, os proprietários estão sujeitos à reclusão e suspensão do funcionamento do local em um período de até três meses. Também será considerado crime proibir a livre expressão e manifestação de afetividade de cidadãos homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais.

Apesar dos intensos esforços e conquistas do Movimento LGBT Brasileiro em relação ao PLC 122, ainda assim, ele precisa ser votado no Senado Federal. O projeto enfrenta oposição de setores conservadores no Senado e de segmentos de fundamentalistas religiosos. Por este motivo, junte-se a nós e participe da campanha virtual para divulgar e pressionar os senadores pela aprovação do projeto.


Para ler o projeto de lei na íntegra, clique aqui.



Fontes:

Info Escola

ABGLT

Não Homofobia!