segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

MORRER DE CONSUMISMO!


Olá!

Dia 02/02 (Quarta Feira), como já sabem, vai rolar a 1ª Tour de Zines (a partir das 17hs na casa de Dinho Batera) e haverá uma mostra de vídeo: A História das coisas.
Nesse vídeo mostra o ser humano consumista e o que o consumismo pode causar.
Vou postar um texto (Morrer de consumismo!) que achei no site GRITOPUNK, espero que gostem.

Morrer de consumismo

Morrer de consumismo - Quanto mais gastamos, mais felizes somos. Provavelmente. Para reflexão. Para os que de vós estiverem eventualmente interessados.

A actual economia industrial funciona assim: os recursos sao escavados de um buraco no chão num dos lados do planeta, usados por algumas semanas e depois despejados num buraco no outro lado do planeta. A isto chamam Criaçao de Valor. A Criaçao de Valor melhora a nossa qualidade de vida. Melhoramentos na nossa qualidade de vida fazem-nos mais felizes. Quanto mais transferimos de buraco para buraco, mais felizes somos. Infelizmente, ainda nao estamos a transferir o suficiente.

De acordo com o Worldwatch Institute, jà usàmos mais bens e serviços desde 1950 do que no resto da història humana até essa data. Mas ainda nao parece que sejamos felizes. De facto, durante o mesmo perìodo, os jovens Britanicos de 25 anos tornaram-se 10 vezes mais susceptìveis a depressoes. Um em cada quatro adultos Britanicos sofre de insònias crònicas e um quinto da populaçao estudantil sofre de problemas de foro psicològico. Nos ùltimos 13 anos, o accionamento de seguros de saùde mental subiu 36%. Estudos Americanos sugerem que entre 40 a 60 por cento da populaçao do paìs padece, directa ou indirectamente, devido a doenças mentais todos os anos. A Organizaçao Mundial de Saùde preve que em 2010 as depressoes serao a segunda doença mais comum do mundo desenvolvido. A menos que comecemos a consumir de forma mais simples e calma, nunca sentiremos uma felicidade real.

Na época de Natal o consumo aumenta drasticamente. Para sermos mais felizes, movemos os recursos de um buraco para outro tao ràpido quanto possìvel. As autoridades da minha localidade relatam que a quantidade de lixo despejado aumenta 12 por cento em Dezembro e Janeiro. E' curioso, contudo, que as depressoes também parecem aumentar: as chamadas telefònicas aos samaritanos aumentam oito por cento entre o Natal e o Ano Novo.

Mas os nùmeros, por outro lado, sao enganosos. Quanto mais deprimidos estamos, mais gastamos em àlcool e anti-depressivos. Quanto mais gastamos, como qualquer economista vos dirà, maior utilidade temos, ou seja, mais felizes nos tornamos. Alguns Natais atràs, ofereceram-me uma chaleira que
agora pinga. Eu podia reparà-la, se pudésse apertar a base. Mas um dos parafusos tem uma forma de estrela, com um pico no meio, de forma a que nao possa ser reparada, pois nao existem ferramentas com essa forma. A minha chaleira era apenas Natalìcia, não para a vida inteira. Por isso, vou
deità-la fora e ajudar a construir um paraìso terreno comprando uma nova.

Das lixeiras e incineradoras em que os nossos presentes partidos, àrvores de Natal decompostas e embalagens nao-reciclàveis sao depositados, a boa-vontade emanarà inexoravelmente. Entre outros benifìcios, o despejo de lixo suporta a profissao médica. De acordo com investigaçoes publicadas na revista The Lancet (revista médico-cientifìca), os bebés nascidos dentro de um raio de até 3 quilòmetros de aterros tòxicos teem uma maior probabilidade de sofrer de anormalidades do que os bebés nascidos noutras partes. As incineradoras libertam dioxinas e metais pesados, os quais provocam cancro, defeitos de nascença e endometrìase. Isto cria empregos e aumenta a circulaçao de dinheiro, acrescentando-se à soma da felicidade humana.

Apesar dos nùmeros das Naçoes Unidas sugerirem o contràrio, os Britanicos sao certamente mais felizes do que outros povos de terras mais pobres, porque um nùmero superior das suas necessidades é preenchido. De facto, os anunciantes ajudam-nos a responder a necessidades que desconhecìamos ter,
revelando-nos que as nossas vidas sao menos satisfatòrias do que pensàvamos.

Quando eu tinha 18 anos, os cremes faciais para homem chegaram ao mercado. Até essa altura, nòs, os rapazes, nem fazìamos ideia de que a nossa pele estava a envelhecer permaturamente. Desde então, os homens foram apresentados a muitos dos melhoramentos de que as mulheres já desfrutavam há tanto tempo. Descobrimos que somos mais feios, manchados, gordos, e mais inadequados do que alguma vez poderíamos imaginar. E, através da movimentação de mais recursos entre buracos no chão, podemos fazer algo contra isso.

A sociedade consumista serve os pobres melhor do que ninguém, pois tanto expõe a fealdade das suas vidas como simpaticamente providencia os meios através dos quais podem escapar-lhe. Em alguns casos, como nos diz o relatório do Citizen's Advice Bureaux, os juros sobre a felicidade deles
aumentam até 1800 por cento ao ano, espalhando boa jovialidade entre as milhares de pessoas empregadas pelas agencias de cobrança. Tal como os bancos e os produtores, também as lojas e os economistas nos relembram que a nossa busca de felicidade nao tem barreiras. E' claro que, como sempre, e particularmente nesta época do ano (na altura, época de Natal), hà alguém a querer fazer de desmancha-prazeres. E, predizivelmente, os ecologistas grunhem que o nosso planeta está a morrer de consumismo. As pessoas, dizem eles, estão a ser empurradas para fora das suas terras pelo abrir de buracos, abate de florestas e aumento das colheitas de dinheiro; os ecossistemas estão a ser envenenados e os recursos exauridos. A Terra está a sobreaquecer porque tanta energia está a ser gasta para mover os seus componentes de um buraco para outro. Mas eu perguntar-lhes-ia o seguinte:
nao serà a morte do planeta um preço aceitável a pagar pela felicidade de que agora gozamos?

George Monbiot, colunista do jornal The Guardian
Traduzido por Jorge Long

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