domingo, 16 de agosto de 2009

OS ARENISTAS DO GOVERNO LULA


O PT é “considerado” devido ser um partido de esquerda, que sempre apoiou as lutas, os movimentos sociais, as revoluções e também por ser um ‘partido de base’. Surgiu da classe trabalhadora, da classe baixa. Contudo, hoje em dia o que vemos (na política) são partidos vendidos, partidos que não se orgulham do seu passado e o esquecem, se apoiando até com os antigos inimigos. Falo isso porque o que vemos hoje no governo Lula são arenistas (pessoas que formaram um partido anti-comunismo, anti-anarquismo, nacionalista). Isso tudo é jogada política, troca de favores, o capital domina! E o “socialismo” que o tal PT diz que prega, não existe. Como sempre aquela mesma ladainha: quem está por cima sobe e quem está por baixo (a base do Partido) desce. Pessoas que ajudaram a ‘levantar’ o PT hoje não tem nada, enquanto os arenistas que lutaram contra os ‘esquerdistas’ e todos que fossem contra a ditadura continuam subindo. A seguir colocarei alguns depoimentos de arenistas e dados sobre os que estão no primeiro escalão do governo Lula.

“Revolucionário de 64, ingressei na Arena não apenas por ser o partido da revolução, mas sim porque sempre fui contra o comunismo, a anarquia e a corrupção, razão pela qual consenti que minha esposa saísse em companhia de minhas cunhadas na passeata que deu início à revolução de 64, ‘COM DEUS PÁTRIA E FAMÍLIA’”. A carta acima foi enviada ao Diretório Nacional da Arena, e faz parte de um acervo doado ao Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV) depois que o partido foi extinto, em 1980, por decisão de seu último presidente, José Sarney.

A julgar pela má fama atual, a Arena era um partido de fantasmas. Hoje ninguém se orgulha de ter pertencido à legenda governista durante o período militar, mas naquele tempo a coisa era bem diferente.
“Quem vos fala é um arenista de coração e de alma, que não quer vê-la derrubada, e que também é um udenista por tradição de família, e que ama também a nossa Gloriosa Revolução de 31 de março de 1964”, diz uma das cartas, referindo-se à União Democrática Nacional (UDN), fundada em 1945 e principal partido de oposição a Getulio Vargas. Ao lembrar esse passado comum, a intenção é buscar a cumplicidade das lideranças nacionais que vieram dos antigos partidos: “Venho à presença de Vossa Excelência, na qualidade de cidadão filiado à Arena desde a sua fundação e velho militante do extinto PSD…”, apresenta-se outro, este herdeiro do Partido Social Democrático, também fundado em 1945 e também extinto em 1965.
Com freqüência, os remetentes louvam seu passado anticomunista. Um relato vindo de Londrina narra com orgulho um conflito ocorrido em 1955: “no sábado, véspera de tais concentrações, era aniversário de Prestes, e na calada da noite hastearam uma enorme Bandeira Russa, bem no centro da cidade, no mastro do altar da Pátria, onde se hasteia o Pavilhão Sagrado. Ali mesmo queimei aquele Pano Vermelho nojento”. Em anos eleitorais, chegavam denúncias aos adversários do MDB. Um arenista de Guarulhos (SP) acusa o partido de oposição de “cabide de comunistas”; outro, de Cruz Alta (RS), envia uma “denúncia de infiltração comunista no MDB”.
Muitos arenistas apoiavam a continuidade da ditadura. O argumento mais comum era justamente o possível retorno da situação anterior a 1964. Havia o temor de que lideranças do extinto Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), como o ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola (1922-2004) e o presidente deposto João Goulart, retornassem ao jogo eleitoral com grande capacidade de mobilização: “… ainda temos, infelizmente, nas sombras, os Jangos, os Brizolas, na espreita de novas derribadas”; “O revanchismo está na mira dos Brizolas, Arraes”. Outros defendiam abertamente a mais autoritária intervenção do regime: o AI-5, que em dezembro de 1968 fechou o Congresso e deu poderes excepcionais ao presidente da República. “Que o AI-5 não seja nunca abolido”. De Araçatuba (SP), em novembro de 1977, um correligionário escrevia: “Agora o Exército fez uma Revolução forçada pelo povo, e vai deixar tudo como estava? Ajude o presidente Geisel para que não cometa o crime de perder mais esta REVOLUÇÃO que o povo quis e apóia…”.

Resumamos a ficha corrida dos Arenistas de Lula no primeiro nível:

José Múcio Monteiro (de Pernambuco), o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, com passado no antigo PDS, depois no PFL e PSDB, “migrando” para um partido da base aliada, o PTB, no primeiro ano de governo de Lula. Além de ministro da pasta é deputado federal pela lenda de Roberto Jefferson e do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Jorge Hage (da Bahia), o ministro chefe da Controladoria Geral da União (CGU) escondeu em seu currículo que foi prefeito de Salvador pela ARENA (1975-1977), quando durante a AI-5, os prefeitos de capitais e áreas de segurança nacional eram nomeados pela ditadura. Após passar um período apoiando os militares, teve passagem pelo PSDB e o PDT, feito este que esconde até em seu orgulhoso currículo de jurista e professor universitário.

Alfredo Nascimento (do Amazonas) ministro dos Transportes tem formação militar, como sargento especialista da Força Aérea, onde ingressou em 1972, em pleno AI-5. Está licenciado do cargo de senador pelo PR (Partido da República) do Amazonas. Coleciona acusações de crimes eleitorais e de improbidade administrativa.

Edison Lobão
(do Maranhão), ministro das Minas e Energia, senador licenciado do cargo pelo PMDB de José Sarney. Lobão foi da ARENA, assessorou ministérios durante a ditadura, tendo sido após deputado federal pela ARENA, PDS e após ingressou no PFL. Lobão chegou a ser eleito senador maranhense pelos Democratas, mas atendeu às conveniências e negociações vindas de seu estado, migrando assim para o PMDB em 2008.

Hélio Costa (das Minas Gerais), ministro das Comunicações, sempre concorreu pelo PMDB, mas tem trajetória anterior. Além de ser ex-funcionário da Rede Globo e dono de emissora de rádio, Costa trabalhou para a Voice of America (Voz da América) em plena ditadura militar, período das chamadas Fronteiras Ideológicas. Depois na seqüência, implantou o Balão nos EUA. Ajudou assim, diretamente, os interesses yankees e no apoio de Washington aos regimes militares.

Márcio Fortes (do Rio de Janeiro), ministro das Cidades, é homem do PP de Paulo Salim Maluf e teve carreira como tecnocrata a serviço de ministérios militares. Por exemplo, ele escrevia parte das mensagens presidenciais ao Congresso Nacional durante os anos de 1967 e 1969, justo quando os militares fecharam o Legislativo. Fortes trabalhou durante todo o Governo Médici (o mais sangrento da ditadura) como Chefe do Gabinete do então Ministro da Indústria e Comércio Pratini de Moraes, latifundiário gaúcho (rio-grandense) até hoje o ativo.

Geddel Vieira Lima (da Bahia), ministro da Integração Nacional, homem com passado na ARENA baiana, chamado carlista genérico. É um mais que esconde seu passado no PDS (a sigla partidária que sucedeu à ARENA), quando operou como presidente do Banco do Estado da Bahia (Baneb) no governo de João Durval Carneiro, homem de confiança de Antônio Carlos Magalhães. Antes atuou como dublê de “aspone” de políticos profissionais que apoiavam o regime militar, entre 1979 e 1981.

Reinhold Stephanes (de Paraná), ministro da Agricultura e do Latifúndio, está no PMDB como a maioria dos arenistas travestidos. Tem em seu currículo o cargo de deputado federal tanto pela AREIA como posteriormente pelo PDS. Foi ministro da Providência tanto no governo do presidente cassado Fernando Collor e como acrobata político, retornou à areia nos 8 anos de Fernando Henrique Cardoso.

Além destes, ainda conta o governo do ex-sindicalista Lula com os caciques políticos no Congresso e com maioria no Supremo (STF). Vamos ver aqui estas bases políticas.

Gilmar Mendes (de Mato Grosso), o atual presidente do STF, tem passado como promotor da república e foi alçado à cena política pelas mãos de Collor. O equilibrista trabalhou tanto na Presidência da República na era Collor (de 1990 a 1992), como foi assessor jurídico da revisão constituinte, além de ocupar cargos no governo FHC, como o de Advogado Geral da União (na AGU). Foi o próprio Fernando Henrique quem o indicou para o Supremo em 2002, chegando a presidente da Suprema Corte país em abril de 2008.

José Sarney (de Maranhão e Amapá), o senador pelo estado do Amapá, agora no PMDB, já foi governador do Maranhão e presidente da república, quando assumiu no lugar do finado Tancredo Neves. Sarney era o homem do PFL, fratura do PDS para compor a então chamada Aliança Democrática. Seu governo durou 5 anos passando a bengala para outro arenista. Caracteriza-se por ser o craque da politicagem, dominando como ninguém os esquemas e negociações político-empresariais, tanto em Brasília como nos currais eleitorais.

Fernando Collor de Mello (de Alagoas), senador pelo PTB, o ex-presidente cassado e depois julgado “inocente” pelo Supremo é da base de apoio de Lula. O ex-arenista foi o candidato da Rede Globo e dos capitais multinacionais quando correu contra o próprio Lula em 1989. Derrotou-o por pequena margem de votos, em um segundo turno mais que suspeito. Representa o pior da política brasileira, juntamente com seu fiel amigo, Renan Calheiros.

Renan Calheiros (de Alagoas), senador pelo PMDB, já fez e foi de tudo na vida política, talvez falte apenas ser um tribuno respeitável. É bom recordar que Renan, dentre outras façanhas, além de pagar pensão para seu ex-amante com dinheiro de empresas de construção civil, foi ministro da Justiça de FHC, acumulando um histórico de escândalos e negociatas políticas de grande envergadura – como na Gestão Chelotti à frente da PF. É outro que joga o jogo de Sarney, apoiando Lula e tirando benefícios para causa própria.

Romero Jucá (de Roraima), o senador pelo PMDB de Roraima, atual líder do governo Lula em Senado presidido por seu cacique político José Sarney, tem trajetória no PFL antes passando pela ARENA. Equilibrista, Jucá foi líder interino de FHC, no final de seu governo, quando então ainda era do PSDB.

Roseana Sarney (do Maranhão), a filha de José Sarney foi líder do governo no Congresso até faz pouco. Uma transação com o Supremo Tribunal Eleitoral (STE) sacou o governador – acusado de corrupção Jackson Lago (PDT) do governo do Maranhão - e passou o poder para a filha do político mais poderoso do Brasil. Lula prometeu uma refinaria de Petrobrás nesse estado. A troca vai ser o apoio eleitoral em 2010. Até assumir o poder estadual sem ganhar a eleição, Roseana foi a senadora pelo PMDB maranhense, mas tem toda sua trajetória ligada ao PFL, antes ao PDS e na própria ARENA. Roseana quase foi candidata ao cargo que pertence a Lula, quando no início da corrida presidencial de 2002 a empresa de seu marido foi alvo de uma operação da Polícia Federal – articulada por José Serra, então candidato a candidato pelo partido PSDB, de FHC – e que terminou apreendendo mais de R$ 1 milhão e 300 mil reais em dinheiro vivo e sem procedência. O fato policial ficou como um contumaz fato político, uma vez a caixa 2, de dinheiro de origem não declarada, recursos que poderiam alimentar sua campanha política. O dinheiro exposto em cima da mesa foi a lápide da campanha moribunda. Com a derrota pontual, Roseana liberou a área e o então PFL (hoje Democratas) não apresentou candidato.

Romeu Tuma
(de São Paulo), senador atualmente no PTB-SP, é base de apoio ao governo Lula em Senado. Ingressou na Polícia Civil de São Paulo em 1951 como investigador de polícia, passando a comissário em 1967. Tuma foi um dos policiais com maior atuação no combate à guerrilha, trabalhando na repressão política e social desde 1957. Como prêmio, o transferem para a Polícia Federal, Superintendência de São Paulo, em 1983. Esconde o passado de repressor do currículo. Curiosidade macabra, Tuma chegou a prender o próprio Lula quando este era dirigente sindical.

Antônio Delfim Netto (de São Paulo), concluiu sua carreira política pelo PMDB, mas tem toda sua trajetória vinculada aos partidos de sustentação da ditadura (ARENA e PDS). Exerce a função – informal – de “conselheiro econômico” de Lula. Delfim foi ministro da Fazenda de Costa e Silva e Médici, e com Figueiredo foi ministro do Planejamento e depois da Agricultura. É autor, dentre outras pérolas de triste memória, da frase “aumentar o bolo para depois repartir” e da hiper desvalorização do cruzeiro (então a moeda nacional) em 1983. Com essa medida, o braço econômico da tortura enterrou o “Milagre Brasileiro” o qual foi um dos inventores ao custo de dívida externa e crimes de lesa humanidade.

Lula sabe o que faz. Certa vez afirmou em alto e bom tom: “Eu nunca fui de esquerda”. É a mais pura verdade, nunca foi!

Adaptado de: http://www.estrategiaeanalise.com.br/imprimir.php?idsecao=e8f5052b88f4fae04d7907bf58ac7778&&idtitulo=3de43bcf9709d8150fc2d1ee8afe0296

http://maniadehistoria.wordpress.com/arenista-gracas-a-deus/

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