domingo, 6 de setembro de 2009

ENTREVISTA: DESECRATION



Bom galera, a pouco tempo Marcolino do Desecration me passou essa entrevista feita pelo Bonga (Disköntroll/Nuvem Negra Zine) e achei muito foda, pedi autorização a ele para que vocês também conheçam um pouco mais dessa banda de Death Metal Anarchist, muito boa.

Essa entrevista foi publicada no Zine Nuvem Negra, Número # 01, e quem quiser receber e conferir o Zine que está cheio de matérias interessantes, basta escrever para o amigo Bonga no seguinte e-mail: nuvem.negra.zine@gmail.com

Apóiem os Zines !!! Apóiem a cultura alternativa, contracultural e anarquista !!!

Abraços Libertários – Marcolino Jeremias & Desecration.

P.S.: Em breve novos sons e novo visual em nosso Myspace, aguardem...

Entrevista de Bonga (Nuvem Negra Zine/Disköntroll) com Marcolino (Desecration), Junho de 2009.


1 - Primeiramente, obrigado ao Desecration por responder a esta entrevista. Sempre achei ótima a iniciativa da banda de tocar death metal com letras anarquistas. Isso foi natural ou a banda foi formada já com essa idéia? Porque escolheram este nome?

Bonga, muito obrigado você pela entrevista (gostei muito das perguntas!) e pela oportunidade!!! Faz muito tempo que não respondo uma entrevista para um zine, mas acho que ainda lembro como se faz, vamos ver... Bem, comecei escutando heavy & thrash metal entre 1988-1989. A cena death metal ainda estava se consolidando internacionalmente e eu me lembro do lançamento de praticamente todos os discos de death metal desse período. Quando formamos o Desecration em outubro de 1991, nossa intenção era tocar um som entre o thrash/death metal, que era a referência de som mais extremo que tínhamos. No começo, eu até tentei escrever letras que não falassem sobre questões políticas/sociais, mas não consegui... Eu acredito que optar por tocar death metal com letras políticas e, depois, explicitamente anarquistas foi algo natural. Os discos de metal que eram lançados nesse período (entre 1988-1991), mesmo vindo de bandas que iniciaram suas histórias abordando outros temas, também falavam sobre questões sociais, exemplos: Testament – The New Order (1988), Anthrax - Among The Living (1987, mas lançado no Brasil em 1988), Metallica - …And Justice For All (1988), Dorsal Atlântica – Searching For The Light (1989), MX – Mental Slavery (1989), Nuclear Assault – Handle With Care (1989), Sepultura – Beneath The Remains (1989), Exodus – Fabulous Disaster (1989), Death – Spiritual Healing (1990), Sacred Reich – The American Way (1990), Overdose – Addicted To Reality (1990), Dark Angel – Time Does Not Heal (1990), Forbidden – Twisted Into Form (1990), Kreator – Coma Of Souls (1990), Megadeth – Rust In Peace (1990), Korzus – Mass Illusion (1991), Sarcófago – The Laws Of Scourge (1991), e também discos de bandas como: Napalm Death – From Enslavement To Obliteration (1988), Terrorizer – World Downfall (1989), Defecation – Purity Dilution (1989). Esses eram basicamente alguns dos discos que escutávamos e que nos influenciaram muito no início, inclusive com suas letras. No Brasil, o grindcore começou muito vinculado com a cena death metal e até black metal (muitas vezes, inclusive, contra a cena thrash metal da época, que para essas pessoas era uma cena muito “comercial”), ao contrário do que aconteceu em outros países em que o grindcore surgiu como um modo mais extremo de se tocar o hardcore/punk. É só conferir quais foram as influências de bandas como Napalm Death, Extreme Noise Terror, Fear Of God, Seven Minutes Of Nausea e outras... Com o passar do tempo, o Desecration passou cada vez mais a se identificar com as idéias e posturas da cena grindcore/punk, mas sem perder suas raízes musicais que vinham da cena extrema do metal. Entre 1994-1995, já estávamos bastante envolvidos com a cena anarco-punk, mas sem deixar de fazer apresentações com bandas e público especificamente metal. Fazendo uma rápida avaliação, acho que durante todo esse tempo, conseguimos fazer um bom equilíbrio (logicamente sem agradar todos, o que é impossível!), entre as duas cenas (punk & metal), reforçando que muitas bandas da cena metal já falavam sobre questões sociais antes de nós. Acredito que as primeiras bandas de death metal do Brasil a falar sobre anarquismo foram o Necrorrosion (São Paulo) e depois o Desecration. Já o nome Desecration (Profanação), escolhemos, pois soava bem death metal para a época, numa cena que tinha bandas como: Benediction, Malevolent Creation, Suffocation, Immolation, Incantation e outras. Profanação significa desonrar, injuriar, ofender e tratar com irreverência coisas supostamente sagradas, o que tinha/têm muito a ver com nossa postura anti-religiosa, iconoclasta, anticlerical e ateísta e que, por tudo isso, tornou-se um bom nome para a banda.


2 - A apresentação ao vivo do Desecration conta com vários discursos libertários entre as músicas, tratando de temas como homofobia, sexismo, ateísmo, etc. Como vocês procuram aplicar a teoria na prática do dia-a-dia? Vocês acreditam na implantação do anarquismo ou tratam a anarquia como um estilo de vida?

O indivíduo quando encontra as idéias libertárias e se identifica com elas, ele necessariamente passa por uma transformação pessoal para se livrar dos dogmas e preconceitos que lhe foram impostos desde seu nascimento, por uma sociedade autoritária, repressora, capitalista, religiosa e moralista. Isso seria um aspecto do “colocar em prática” o anarquismo. Lógico que os resquícios de pensamento e comportamento adquiridos durante toda uma vida formada em meios aos bombardeamentos cotidianos de propaganda capitalista extremamente viciante, não vão desaparecer do dia para a noite, leva um bom tempo, alguns toda uma existência e outros nunca vão se livrar dessas amarras completamente. De qualquer forma, essa, a meu ver, é a primeira tarefa do anarquista. É inconcebível um anarquista preconceituoso, patriota, religioso e narcisista. O anarquista, acima de tudo, deve ter compromisso, ética, convicção, solidariedade e lutar pela causa revolucionária. Deve ser incapaz de colocar nas costas do próximo o que é de sua responsabilidade ou de seu dever. Também acredito que o anarquista deva ser, dentro do possível, um militante completo, ou seja, que atue, escreva, fale em público e procure sanar as possíveis deficiências que possua. Para mim, são duas vias: a individual e a coletiva. Não adianta o cara ser um anarquista bastante atuante e chegar em seu ambiente privado e ser autoritário com a sua companheira, família, colegas de trabalho e demais pessoas do seu convívio particular, pois será um anarquista da boca para fora ou para inglês ver... Como também não adianta o cara achar que vivendo sua vida seguindo os seus conceitos libertários para si só, sem passar isso adiante, sem lutar para edificar isso coletivamente, que ele já está “vivenciando” o seu anarquismo do seu jeito, pois é impossível viver o anarquismo sozinho, só com sua família, trancado no seu apartamento, em meio a toda uma selvageria e barbárie capitalista (vivemos todos em uma sociedade onde ninguém é auto-suficiente). Concluindo, é necessário um equilíbrio entre o individual e o coletivo. Ou em outras palavras: o anarquismo é uma filosofia de vida, mas, ao mesmo tempo é um método de luta contra o capitalismo e o autoritarismo. Se você tira uma dessas características do anarquismo, você desvirtua o anarquismo.


3- Quais são as influências musicais da banda? E na hora de escrever as letras quais bandas, escritores, fatos influenciam vocês?

Algumas das bandas que nos influenciaram e influenciam musicalmente bastante são: Assück, Groinchurn, Rot, Napalm Death, Cannibal Corpse, Constrito, Morbid Angel, Agathocles, Deicide, Nyctophobic, Terrorizer, Catharsis, Extreme Noise Terror, Krisiun, Timebomb, Bolt Thrower, Nile, Obituary, Necrorrosion, Brutal Truth, Monstrosity, Point Of No Return, Cancer, Pungent Stench e muitas outras... Para escrever as letras, a realidade nua e crua é uma fonte inesgotável de inspiração. Lógico que os escritos e exemplos arrebatadores que nos deixaram nossos companheiros e companheiras antepassados, também são de suma importância, tais como: Florentino de Carvalho, João Perdigão Gutierrez, Manoel Perdigão Saavedra, José Oiticica, Diamantino Augusto, Edgar Rodrigues, Carlo Aldegheri, José Prol, Belarmino Fernandes, José Alves, Joaquim Santos e Silva, Edgard Leuenroth, Antonio Martinez, Jaime Cubero, Maria Lacerda de Moura, Neno Vasco, Maria Antonia Soares, Manuel Perez, Noam Chomsky, Gaetano Bresci, Émile Henry, Ravachol, Leon Czolgozs, Sofia Garrido, Buenaventura Durruti, Francisco Ascaso, Angelina Soares, Friedrich Kniestedt, Francisco Ferrer y Guardia, Juan Garcia Oliver, Severino Di Giovanni, Emma Goldman, Alexandre Berkman, Miguel Arcángel Roscigna, Louise Michel, João Peres Bouças, Pedro Catallo, Simón Radowitzky, Kurt Wilckens, Élisée Reclus, Nestor Makhno, Mikhail Bakunin, Piotr Kropotkin, Errico Malatesta, Pierre-Joseph Proudhon, Denjiro Kotoku, Nicola Sacco, Bartolomeo Vanzetti, Matilde Magrassi, e inúmeros operários e operárias anônimos que atuaram clandestinamente e deram seu generoso sangue para a causa da emancipação libertária da humanidade.


4 - A banda já mudou de formação durante o longo período na estrada?

Muitas vezes. Já passaram pelo Desecration, nossos amigos: Juquinha (Bateria), Osni (Baixo), Pedro (Guitarra), Robson (Bateria) e Alessandro (Guitarra). Vale a pena dizer que o Juquinha, o Pedro e o Robson continuam tocando até hoje em dia com outras bandas.


5- O Desecration participa da cena hardcore/punk há mais de dez anos. Quais eram os pontos positivos e negativos dentro da cena nos primórdios da banda? E quais são os pontos positivos e negativos de hoje em dia?

Na minha opinião, a principal diferença entre a cena de hoje em dia e a cena de alguns anos atrás, é a seguinte: antes as pessoas tinham uma preocupação em serem “políticos” ou “anarquistas”, ainda que só “esteticamente”, ou seja, nas letras, nos zines, nas camisetas e na maioria dos casos não tinham efetivamente uma participação política libertária (faziam isso para serem aceitos na cena “política”). Hoje as pessoas não possuem, muitas vezes, nem essa “estética”, são completamente desinteressadas politicamente. Alguns podem achar que antes era melhor, pois de uma forma ou de outra havia uma preocupação maior nesse sentido, outros podem afirmar que hoje é melhor, pois as coisas são mais sinceras. Para mim, a situação atual é simplesmente tão ruim quanto a de alguns anos atrás e, seja como for, a cena de ontem e de hoje está muito distante de ser o ideal. Existem outras diferenças (hoje quase não existem grupos/coletivos anarquistas, zines e etc...), mas, eu considero essa a mais visível e importante.


6 - Creio que metade da banda fazia parte do Deadmocracy, incluindo você. Um grupo mais hardcore/punk que o Desecration. Por qual razão a banda acabou? Vocês pretendem voltar?

O Deadmocracy surgiu entre 1994-1995, e terminou em 2001. A formação era: Sabugo (Bateria), Marcelo (Baixo/Vocal) e eu (Guitarra/Vocal). Nessa época, com exceção de mim, ninguém tocava no Desecration. O Marcelo nunca tocou e o Sabugo só foi tocar um tempo depois. Quando o Deadmocracy começou, nossa intenção era tocar um som mais voltado para as raízes punks do grindcore (ou anarco-grindcore, como falávamos, inclusive, acredito que fomos os primeiros a usar esse adjetivo, não tenho certeza...), influenciados basicamente por bandas como: Cripple Bastards, Intestinal Disease, Siege, S.O.B., Lärm, Heresy, Hinfamy, Rot, Discarga Violenta, No Conformity, Bones Erosion, No Sense, Agathocles, Napalm Death, Extreme Noise Terror, Active Minds, Putrid Scum, Deterioration, Patareni, Noise e outras. Durante os seis anos que a banda existiu, eu, por exemplo, nunca tive uma guitarra própria, o Sabugo também não tinha todos os pratos e pedaleira. O Marcelo, depois da turnê na Europa, foi morar na Holanda (depois Espanha). Ficamos sem baixista e também com algumas dificuldades para ensaiar. A Liana (Baixo/Vocal) fez uns ensaios conosco e tocou em uma gig, porém, somando que ainda tinha o Desecration (e nessa fase final, todos do Deadmocracy eram do Desecration), o meu trabalho, o grupo libertário que eu participava, a editora Opúsculo Libertário e etc... Não tínhamos mais tempo livre para nos dedicarmos a banda e, portanto, a banda ficou paralisada até acabar definitivamente. Se pretendemos voltar ? Lógico... Que não !!! Eu e o Sabugo já conversamos várias vezes sobre isso e chegamos a conclusão de que esses “revivals” são um tanto quanto anacrônicos e, portanto, fora da realidade. Fica parecendo coisa de quem não têm nada de novo para oferecer e, de certa forma, vive do passado. Lógico que isso é nossa opinião e achamos que isso não se encaixaria no Deadmocracy. Eu e o Sabugo poderíamos até formar uma banda de grindcore hoje em dia, até chamá-la de “democracia morta”, poderíamos, inclusive, tocar sons antigos do Deadmocracy, mas seria uma banda nova, com novas músicas, não seria mais o Deadmocracy. O Deadmocracy acabou, foi uma experiência de três amigos que não sabiam/não sabem tocar direito, foi muito bom enquanto durou, mas, já era... Não volta mais.


7 - Vocês têm ou já tiveram outras bandas além do Desecration e do Deadmocracy? Qual era a sonoridade?

A Liana fazia vocal, participando esporadicamente em duas bandas de thrash metal do Guarujá, no final dos anos oitenta: Sarcastic & Thrash Beach, geralmente tocando covers. O Eduardo tocou numa banda de death metal (antes de tocar no Desecration) chamada Hematophagy, e numa banda de hardcore (quando já tocava no Desecration) chamada Ódio Positivo, junto com o Sabugo e outras pessoas, nenhuma das duas bandas gravaram ou fizeram apresentações ao vivo. O Sabugo tocou no início do Manifest (crust core), mas não chegou a gravar com eles, nem tocar ao vivo. O Sabugo ainda tocou com o Ódio Positivo, e até pouco tempo estava tocando com o Mamute (rock and roll) e o Contra-Poder (street punk). Curiosidade: eu toquei baixo e o Sabugo bateria, numa apresentação ao vivo de uma banda anarco-punk do Ceará, chamada Ruptura, numa gig em João Pessoa/Paraíba (em 25 de setembro de 1998), pois o baterista e o baixista da banda não puderam comparecer na gig, foi bem legal... Eu e o Alessandro (antigo guitarrista do Desecration) tínhamos um zine chamado Metalmag (o primeiro feito no Guarujá), entre 1990-1991, que chegou a publicar dois números...


8 - Vocês já tiveram a oportunidade de tocar na Europa. Quais os países com as cenas mais fortes e organizadas por lá? Quais foram as bandas mais fodas que vocês dividiram o palco durante a turnê?

Tocamos mais na Alemanha, mas também fizemos gigs na Bélgica, França e Holanda. No geral eles têm uma cena com bastante estrutura principalmente por causa dos Squatts (casas ocupadas) que eles utilizam como locais para gigs e demais eventos culturais. Como os países são muito próximos, existe um bom contato e intercâmbio entre as cenas dos países europeus, fazendo com que sempre tenha turnês acontecendo e gigs praticamente em todos os dias da semana e não apenas Sábado e/ou Domingo, como acontece por aqui. Um detalhe interessante é que a pessoa que organiza uma gig por lá, sempre têm a preocupação de dar uma grana, comida, bebida e um local para a banda descansar, mesmo que na apresentação só apareça quinze pessoas, por exemplo. O organizador de gigs europeu, no geral, entende que se a gig têm pouco público, a culpa não é da banda e ele não vai deixar de cumprir o acordo firmado com a banda por causa disso. Isso foi algo que chamou bastante a nossa atenção, pois não estamos acostumados com isso no Brasil, por uma série de fatores... De qualquer forma, acredito (posso estar enganado) que se a cena brasileira tivesse a estrutura que os europeus têm, estaríamos produzindo mais que eles, e com um caráter mais político/anarquista que eles... A turnê contava todos os dias basicamente com apresentações do Deadmocracy, Entrails Massacre (Alemanha) e Desecration, mas chegamos a tocar com Intestinal Disease (Bélgica), El Corazón Del Sapo (Espanha), Agathocles (Bélgica), Haemorrhage (Espanha), Nyctophobic (Alemanha), Total Fucking Destruction (Estados Unidos), Wojczech (Alemanha) e outras. O Hazie (vocal do Intestinal Disease) e o Burt (baterista do Agathocles) fizeram (em gigs diferentes) uma jam com o Desecration, cantando “Lack Of Personality” do Agathocles, e eu participei de uma apresentação do Total Fucking Destruction, cantando “Grimcorpses” do Cripple Bastards com eles. Tocamos com o Skew Whiff (Bélgica), que tinha membros do Hiatus, porém, achamos os caras bem decadentes: o vocalista muito bêbado, cantava de joelhos e de costas para o público, lendo as letras. Depois encontramos um deles desmaiado lá fora, todo zuado cheio de lixo pelo corpo (inclusive dentro da roupa), que foi jogado pelos outros punks que passavam por ali (temos até foto disso)...


9 - Quais as principais bandas/artistas que estão no tocando no seu aparelho de som atualmente?

Six Feet Under, Clangor, Violator, Crass, MX, ACDC, Deep Purple, Black Sabbath, Racionais Mc’s, Hirax, Dark Angel, Joan Jett, W.O.W., Vida Ruim, Timebomb, The Specials, The Clash, Wild Dogs, Psychotic Waltz, The Stooges, New York Dolls, Motorocker, Sarcófago, Sepultura, Forbidden, Exodus e mais um monte… Eu acredito que sou bastante eclético...


10 - Quais são os planos futuros da banda?

Continuar com o Desecration & completar 20 anos de banda... Não, sério, na verdade acabamos de fazer uma gravação e pretendemos lançá-la em breve... Inclusive, se alguém puder nos ajudar, por favor, entre em contato...


11 - Novamente, muito obrigado pela entrevista! Para terminar, perguntas e respostas rápidas:

- As cinco melhores bandas de todos os tempos?

Mc Fly, ‘N Sync, Five, Back Street Boys e New Kids On The Block... Não consigo fazer um top 10, muito menos um top 5… O Juquinha (ex-Deseccration e Abuso Sonoro, atual Casus Belli) é muito bom nisso !!!


- Deus?

Deus é só uma desculpa que os seres humanos criaram para tentar justificar sua ignorância, suas fraquezas, sua finidade e, de certa forma, sua própria insignificância...


- Obama?

Obama Bin Landen é tão terrorista quanto o Osama. Veja por exemplo sua política em relação ao Afeganistão... Políticos negros são como políticos brancos. O Pitta e até o Nelson Mandela, não conseguiram acabar com o racismo, nem com outras injustiças sociais (o Pitta, por exemplo, nem tentou...), até mesmo porque as injustiças sociais só acabarão quando o povo organizado se mobilizar para erradicá-las definitivamente, e isto, não está de forma alguma ligado as eleições ou a democracia representativa.


- Skinhead/Oi!?

Acredito que não devemos julgar ninguém pelo tipo de música que ela escuta. Na Europa esse movimento começou antes do movimento punk e sem uma visão política definida. No Brasil, o skinhead começou depois das primeiras bandas punks, porém, dentro da cena punk e desde seu início com idéias nacionalistas que são típicas da extrema direita. Nunca tive simpatia pelo movimento skinhead, pois sempre esteve relacionado a muita merda preconceituosa, racista, machista, homofóbica e à violência gratuita. Hoje, no Brasil, existe uma cena jovem de skinheads que se dizem contra os preconceitos, não sei ainda o que esperar dela, pois em muitos casos me parece apenas mais um modismo alimentado pela internet... Só o tempo vai dizer...


- Veganismo?

O Desecration possui membros vegetarianos e vegans. Entendemos o vegetarianismo como uma atitude pessoal e política que está diretamente relacionada a tudo que compramos para nossa alimentação, para nossa vestimenta e que nos leva a dialogar com as pessoas ao nosso redor. A ecologia social deve ser ainda mais estudada por todos que querem transformar radicalmente o meio social em que vivemos, temos o dever de analisar todas as questões que estão diretamente ligadas à vida em sociedade. Não podemos esquecer dos direitos humanos, assim como não podemos esquecer dos direitos dos animais e da natureza, devemos ter a capacidade de compreender que a luta pelos direitos humanos não exclui a luta pelos direitos dos animais e da natureza, muito pelo contrário, devemos enxergar que uma luta complementa a outra. O ser humano também é um animal que pertence ao meio ambiente e que têm sua importância para a natureza como um todo... Dentro disso, vejo o vegetarianismo como uma atitude política libertária pelo meio ambiente, pela ecologia social e contra uma indústria capitalista que transforma milhares de mortes em lucro, por isso somos anarquistas e vegetarianos, pela libertação humana e pela libertação animal. Historicamente, muitos anarquistas, assumiram publicamente sua postura vegetariana, vinculando-a diretamente com sua visão política do anarquismo, alguns exemplos: Élisée Reclus, Liev Tolstoi, Han Ryner, Isaac Puente, Marie-Adele Anciaux & Stephen Mac Say (fundadores da Liga Contra Vivisecção), José Oiticica, Maria Lacerda de Moura, Roberto das Neves, Nicola D’Albenzio, Judith Malina, Julian Beck, Ronnie Lee (antigo membro do London Greenpeace e um dos fundadores da Animal Liberation Front em 1976). Para terminar, podemos citar algumas palavras que Maria Lacerda de Moura (anarquista e vegetariana), escreveu no seu livro “Civilização – Tronco de Escravos”, Editora Civilização Brasileira (Rio de Janeiro), na longínqua data de 1931: “Não compreendo a vivissecção a não ser como um delírio de perversidade inominável, nem chego a ver a vantagem da embriaguez cientifica que põe milhares de cobaias e cães e qualquer espécie de animal à mercê dos cientistas – funcionários públicos – quase vaidosos de fazer sofrer aos ‘mártires da ciência’ em nome de um princípio ou de uma descoberta ou de uma pesquisa ou dos problemáticos benefícios daí resultantes para todo o gênero humano e, as mais das vezes, em nome do salário pago pelo Estado, em nome do ordenado mensal (...) O homem continuará a descer sempre, bem para baixo de todos os símios, na sua maldade de criatura civilizada, (...) para estimular todas as virulências, desde as guerras até o prazer satânico de martirizar os animais em nome do humanitarismo clínico. (...) A crueldade nunca poderá ser um caminho para o aperfeiçoamento humano. A ciência não se adquire com a crueldade (...) Se a fisiologia não pode se adiantar sem infligir horríveis torturas aos animais indefesos, é melhor que a fisiologia fique onde está. A humanidade pode progredir sem a fisiologia, porém, não poderá progredir sem a piedade”.

Bem, Bonga, para finalizar desejo vida longa ao Nuvem Negra zine !!! Espero sinceramente que com o exemplo desse zine surjam outros !!! Todos da cena underground devem apoiar os zines, pois eles são a nossa voz e um reflexo de nossa própria cena !!!


- OFF: Em qual ano foi a turnê de vocês na Europa? Quando a banda começou?

A turnê do Desecration aconteceu entre agosto/setembro de 2000. E a banda foi formada em outubro de 1991.


Se quiser conhecer um pouco mais da Desecration, visite o myspace clicando AQUI.


15 comentários:

  1. Rapaz, esse eu num vô lê naum...


    aseueahsuaeuasehuaehuaeheuahuehaes

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  2. para falar de mulher, encher a cara e outras coisas mais ninguém tem preguiça... mas enfim... é melhor n comentar sobre os comentários acima...
    essa é uma das melhores entrevistas q já li, respostas claras e contundentes c um posicionamento firme.
    parabéns ao bonga pela entrevista, ao marcolino [eplo cara q é] e a cláudio por possibilitar o acesso dessa entrevista a mais pessoas!

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  3. Não encaro como "preguiça".
    Apenas algo que não me chamou atenção.

    Mas mesmo assim, se for preguiça, ela é minha e coloco ela sobre o que eu quiser.

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  4. ficaria feliz [ou não] em saber como se chega a conclusão de que um assunto merece [e chama] ou não a nossa atenção antes de te-lo lido, ou ao menos saber do q se trata. será contando o nº de linhas ou de parágrafos?!
    [não] me desculpem, mas os dois primeiros comentários foram no mínimo ridículos, e essa resposta impensada q vc deu, foi ainda mais medíocre e incoerente, não sou dono da verdade, não quero se-lo, mas essa insensatez e falta de coerência é muito infantil; realmente a preguiça é sua, e como libertário ou o q quer q se assuma, se é q se assume algo, deveria aproveita-la para algo produtivo, como ler "o elogio ao ócio" ou "o ócio criativo"...
    só para terminar, mais uma vez quero deixar claro q n tenho a menor pretensão de ser dono de algo que não existe [nessse caso a verdade, ou razão], mas por favor, pensar no q escrevemos de vez em quando não é algo tão difícil...
    abraços a todxs

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  5. Mais uma banda rompendo as barreiras musicais! Fodástica, primeiro - por ser Death Metal, segundo - por ser Anarquista! Coisa rara no Brasil! Extremo e certeiro! PS.: Alguém ae me arranja um disco? Myspace é barril... hahaha!

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  6. breve te passo uma v.a com os desecration e uma outra banda anarquista tb, q toca grind, muito boa chamada groinchurn...
    só n esqueça de me lembrar, vlew?! rs...

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  7. Não disse em momento algum que a entrevista da banda não MERECE atenção e sim que não ME CHAMA atenção, que são coisas totalmente diferentes.
    Já ouvi algumas músicas da banda, já conversei com algumas pessoas sobre ela, sobre o ritmo dela, sobre a visão dela e até mesmo sobre essa entrevista.
    Não gosto de "entrevistas", sei lá, só sei que não gosto. Já li algumas de pessoas que estavam bastante envolvidas em certos assuntos que eu queria muito absorver, mas mesmo assim sempre tive na mente: "Lá vem entrevista".
    É um gosto pessoal meu.
    Gostaria de saber o verdadeiro motivo de você ter ficado tão chateado com o que eu vou ou não fazer, com meu gosto, e com a minha preguiça, já que, pelo que vejo, eu não tirei a oportunidade de ninguém ler a entrevista, apenas não li e falei que não iria ler.
    E usando suas palavras, "incoerente", na minha opinião, é quem se "assume libertário", preza por isso (vejo isso em você), e fica tão irritado com a minha liberdade de escolha, sendo que, repitindo o que disse acima, esta não interfere na liberdade de ninguém, muito menos a sua.

    Bom, espero que esse assunto não diminua em nada a relação que você tem comigo e muito menos com esse Blog.

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  8. é... eu tb espero que não...
    reinterando: sua opinião tem muito valor e seu comentário tb, principalmente qdo vc é uma das pessoas q "dirige" este blog, e consequentemente [querendo ou não] exerce certa influencia sobre muitxs outrxs, por isso, minha preocupação y irritabilidade principalmente com sua resposta; este blog é uma ferramenta mt importante, e por isso me preocupo q "assumamos" posturas q influenciem de forma positiva... no mínimo, antes de qualquer coisa [e isso vc n pode negar] seu comentário foi mt vago e deixa espaço p diversas conclusões [negativas] diferentes a respeito de sua postura.
    continuo repetindo lucas [embora n quisesse q isso chegasse até aqui], seu comentário e sua resposta foram incoerentes sim, pois se algo merece [e não chama, repetindo suas palavras] sua atenção, logo vc deveria volta-la p ele.
    abraços cara, e q bom q nossas discussões [mesmo q n nos levem a um denominador comum] n nos afastam tb...

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  9. Rapaz, os comentários de vcs tão maiores que a entrevista, haha. E que entrevista maravilhosa! Caralho, ta tudo detalhado ae - a trajetoria dos caras, as influencias, os planos e os roles... Caralho, que entrevista! Realmente um presente! Vou esparramar essa banda e essa entrevista por aí! FODA!!!

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  10. PS.: Não kero só o VA... KERO O ZINE TBM, haha! Cheers. [A//E]

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  11. tá querendo demais, mas acho q tenho uma cópia ainda aqui tb...

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  12. Oxe, arranje logo isso ae rapaz! De zine na mão e me escondendo! Mas rapaz! Hahaha! Arranje ae, kero muito ler ele! Abração ae a todxs! [A//E]

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  13. Concordo que o 1º comentário foi vago, e por isso expliquei nos demais.

    xD

    Vai chegar aqui q horas?

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  14. putz!! n deu p ir nesse... =(
    debie havia saído pela manhã p resolver umas burocracias, e qdo retornou já n havia mais tempo p ir pegar carona...

    mas já soube q foi td muito massa e produtivo...

    no próximo é "nóis" aí, ou vcs por aqui...
    rs...

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