segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ENTREVISTA COM: EGRÉGORA


EGRÉGORA está presente em todas as coletividades. É o somatório de energias físicas, emocionais e mentais, geradas pela reunião de duas ou mais pessoas, quando se reúnem por qualquer afinidade. Todos os agrupamentos humanos permitem isso, onde as energias dos indivíduos se unem formando um espírito autônomo, capaz de realizar no mundo visível as aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade gerada. Quando a energia é liberada, tem a tendência de manter ou influenciar o meio ao redor. Quando várias pessoas têm um objetivo comum, sua energia se agrupa, forma-se uma egrégora, onde todo pensamento e energia gerada tem existência, podendo circular livremente. Assim, a música tem seu espírito, assim o Hard core circula sua egrégora. Compartilhando o mesmo objetivo, sendo através dos versos, das batidas, dos acordes, expressamos os gestos, idéias, dúvidas e pensamentos. Tudo isso se conecta com a energia dos que desejam o mesmo. Nos unimos, com o sentimento de banda, porque não desejamos parar. Porque não mudamos as idéias. ESTE É O NOSSO OBJETIVO COMUM. Um só caminho.




A Egrégora é uma banda de hardcore soteropolitana, que tem em sua linha de frente uma garota de vocal agressivo (Carol) e conta com membros de diversas outras bandas importantes para o underground baiano como: Veredicto, Lumpen, Mais Treta... O Tomanacara teve o prazer de entrevistar essa banda que recentemente lançou seu primeiro material, uma demo que está nas ruas pra quem quiser garantir. Sobre isso e muito mais confiram na entrevista abaixo, com certeza vai absorver algo positivo:

1. Antes de qualquer pergunta, não posso esquecer de perguntar: Quem é “Ismael”?

Carol: Ismael é um gorila personagem do livro “Ismael”, de Daniel Quinn, autor conhecido por escrever coisas do gênero em temas como ambientalismo, civilização (primitivismo), supremacia humana, etc.
O enredo se encontra num diálogo entre um homem e um gorila, “Ismael”, provocando-o quanto origem das civilizações, a supremacia humana.
A música Ismael vem de reflexões do tipo “como as coisas vieram a ser como são?”, o cativeiro e as diferentes culturas, em especial a dos largadores. Na real, leiam o livro, ahahahah!


2. Ok, matada minha curiosidade vamos as apresentações. Quem é a Egrégora?

Banda de hardcore formada por:

Carol Reis(vocal): ex-vocalista da Caminhando Sobre Espinhos, participa da Cooperativa Rango Vegan, Associação Húmus, feminista e do WenDo. Vegan, sxe, uma das sobreviventes, ahahah.

Fernando (baixo): fotógrafo, jornalista, skatista de alma (praticante quando dá tempo hehe), integrante do coletivo Arterisco, e ex-vocalista das bandas Veredicto e Anti DOPS.

João Paulo Rangel (bateria): Já foi baterista das mais variadas bandas de hardcore da cena de Salvador, como Escato, Mais Treta, Caminhando Sobre Espinhos, Sem acordo, Lumpen. Colaborador da Rango Vegan, Associação Húmus, vegan, sxe, pride. Lutador de kung fu (o das voadoras, ahahah!)

Túlio (guitarra): Ex-baxista da lumpen, tocava guitarra na Caminhando Sobre Espinhos, baixista da Mais Treta, freela da Escato (hahaha). Design “do it you self”, participa da Cooperativa Rango Vegan, Associação Húmus, vegan, sxe, mais um sobrevivente, ahahah.


3. Sabemos que Fernando dominava muito bem o mic, a julgar pelo excelente disco de estréia da Veredicto, banda que o mesmo tocava, mas particularmente não sabia desse dom no baixo. Como descobriram isso? E como se deu a formação da Egrégora?


Fernando: Dom no baixo? Você ta crazy, é mermão? Hahahaha Eu apenas toco umas notas e faço uns barulhos com as quatro cordas, man! Mas então... essa fita de eu começar a tocar baixo foi mais ou menos na época da Veredicto mesmo. Eu queria ter outras bandas, de outros estilos nos quais meu bom senso me mostrava que não rolava de eu ser vocal. Daí escolhi o baixo, que foi o instrumento que mais me identifiquei.

Antes da Egrégora, os demais integrantes tocavam na Caminhando Sobre Espinhos e num certo momento ficaram sem baixista e me chamaram pra tocar na banda, mas acabou que rolaram uns contratempos e a banda acabou. Depois de um tempo, o pessoal voltou a entrar em contato com a idéia de formar a Egrégora e aqui estamos.


4. Vocês lançaram recentemente o primeiro material de vocês, e estão em fase de divulgação deste. Como se deu a gravação? E falem um pouco das participações que rola nele.


Fernando: A gravação foi feita no Estúdio Estopim, por nosso amigo Fabiano Passos. O instrumental foi captado ao vivo, em um dia, e os vocais foram adicionados posteriormente.

Carol: Nossa, demorou a sair o material, mas foi muito importante o momento que aconteceu. Há tempos, em conversas, questionamos o lance do tempo das bandas, não o tempo cronológico, mas o tempo em que cabe experimentar o processo de existir uma banda. Hoje, parece que as idéias não são tão importantes, o rolê, o que se produz aqui nisso. Ter banda é ter um produto final de exposição para os outros, para internet, é ter que “ser foda” e ter referências que aprisionam e são excludentes, isso sempre fugiu do punk. Não queríamos que fosse assim, escrevemos de acordo com as inspirações, as músicas são feitas quando realmente rola inspiração, os shows enfim... Não cabe julgar a quem consegue fazer as coisas rápidas e tem facilidades, mas como essa relação se tornou descartável.

Sobre as participações, é uma parada que curto muito em outros estilos como no rap ou no reggae, e como no hardcore é nós por nós, isso sempre fica mais difícil. Tivemos a sorte de estarem em Salvador no momento em que estávamos gravando, Léo e Carol. Léo, que era da Escato e hoje mora na Espanha, é uma influência de hardcore/punk e tem um vocal que gostamos muito. Em especial queria fazer esse dueto com um homem, apesar que temos uma participação constante do vocal de Fernando. Isto me deixa muito feliz em estar brincando com ele nos vocais, sou fã e já disse ahahaha.

A outra participação foi de Carol (que canta na Clangor, banda de São Paulo), amiga de longas datas. Acompanho sua história de banda há tempos, sou fã de mulheres no vocal, especialmente quando são muito boas e Carol para mim é uma dessas, sutil, agressiva, caótica, pensei como seria a introdução e saiu igualzinho, linda!

Destacamos também a participação de Fabiano, que mesmo com as dificuldades de uma gravação ao vivo, conseguiu colocar o material numa qualidade superior ao que se espera numa gravação desse tipo.


5. Eu tratei de comprar logo o meu EP da Egrégora e na primeira audição dá pra perceber que a banda não deixou que se perdesse aquela energia do show, acho bem legal isso. Outra coisa que gosto bastante, e que ainda me fazem comprar CDs, é o material gráfico do mesmo, e o da Egrégora está simplório e perfeito! De quem foi a idéia da capa, encarte e tudo que envolve a parte gráfica do CD?


Carol e Túlio: Contribuições de todos da banda com idéias, mas quem mandou bem mesmo foi Túlio, que há tempos está se arriscando nas artes gráficas. Gostaríamos que fosse uma demo, mas que tivesse algo que fosse diferenciado, um cuidado com o material (até por que temos um designer na banda, né? ahahah), as letras expostas, textos... Não queríamos também usar esse discurso "faça você mesmo" pra fazer algo tosco e sem conceito, buscando na simplicidade que falamos nas letras alguns conceitos que achamos importantes, como a clareza de idéias, o equilíbrio, o preto no branco, coisas simples, fortes e verdadeiras. Fizemos de acordo com o que era possível para todos. Também concordo em estar lindo!


6. Quando cheguei em casa com o EP, meu primo viu a capa e perguntou: “Essa banda é de reggae”? Ai o chamei para ouvir comigo, ele se impressionou. Acho que quem não conhece a banda vai ter essa impressão ao ver a capa, de ser uma banda de reggae. De quem foi idéia da capa e vocês seguem o rastafarianismo?

Carol: Não, não seguimos o rastafarianismo, mas temos total respeito e admiração. É uma filosofia que nos inspira, mas tem certas coisas que são conflituosas com as nossas práticas, por isso nossa relação com isso vai até aqui. A idéia da capa é uma referência à auto-confiança, força e orgulho representada pela figura do leão dentro de algumas culturas. Esta também é uma tendência de não ver e identificar a música apenas pelo hardcore. Outros estilos, outras galeras, como exemplo do rap, o reggae, experimental, rock, dub, musicas independentes em geral, tem e vem propagando idéias e ações muito mais ousadas e faça-você-mesmo do que o próprio hardcore se proprôs a ser. Não há mais como limitar. O valor do que é verdadeiro não está mais para uma escolha apenas.

Fernando: Eu particularmente não sigo nenhuma doutrina ou religião específica. Mas isso não afeta em nada o fato de que fé e espiritualidade são coisas extremamente importantes pra mim e a positividade presente no rastafarianismo é algo que tem me influenciado e conquistado bastante meu respeito e admiração, até mesmo através da mensagem de algumas bandas de reggae que nós da banda escutamos e que acho que, de certa forma, acabam nos influenciando também.



7. O My Space da banda é /egregoratao, e a banda tem duas músicas “Tão I” e “Tão II”. Alguma relação com o Taoísmo?



Carol: Total! É uma referência na lata mesmo, o Tao nos inspirou em várias letras da Egrégora, mais especificamente posso falar de mim, da importância dos ensinamentos, das reflexões equivocadas que temos do mundo, da vida. Coisas como superar algo, como ter que mostrar-se forte, sempre achamos que esse é o melhor caminho, e algumas passagens do “Tao” dizem diferente:

“Não se deve mostrar ser forte, deixar que as pessoas percebam que é inteligente, lembre da importância da ausência da ação, do eu e dos desejos, da humildade, do ser natural... A maioria das pessoas acham que ser forte é ser bom, mas a força será quebrada, enquanto a fraqueza permanecerá inata”. Tipo isso, há permissão para vários sentimentos, um não deve suprimir o outro, sem arrogâncias, com equilíbrio, com práticas, menos idéias, mais ação! O meu feminismo tá no taoísmo, a idéia do “um só caminho” não dois, nem três também está lá. O coletivo e o indivíduo juntamente com a natureza se harmonizando, tudo isto é uma questão de interpretação, por que se você define já não é mais o “Tao”.



8. “Somos todos iguais”?


Fernando: Essa é complicada, hein! Mas sendo realista, a resposta é não. Como diz Racionais (inclusive, de onde plagiamos o título de uma das nossas músicas),
"o mundo é diferente da ponte pra cá".

Carol: Essa frase é muito boa para uma letra de hardcore, por que na verdade a maioria das pessoas envolvidas acreditavam que isso realmente tinha significado real. Engano! Depois de tempos vivenciando práticas, idéias, filosofias nas quais estávamos todos juntos, existiam nos mesmos espaços as mulheres, os pobres, os negros, os inteligentes, os ricos, os brancos, os “academizados”, percebíamos que as pessoas que sempre poderiam sair, parar de arriscar e viver a sua “vida comum” eram pessoas que estão em condições favoráveis. Nunca seremos iguais, se o ponto de retorno não for o mesmo caminho para todos.


9. Qual a visão que vocês têm do hardcore em Salvador?


Fernando: Como “cena”, a visão que eu tenho no momento é bem cética. As pessoas que vejo participando, tendo bandas, freqüentando shows são ¼ dos mesmos que eu via quando comecei a freqüentar esse meio. Do tempo que acompanho (e que considero pouco), posso afirmar que como “cena” o pior estágio em que chegamos é agora (escassez de bandas, espaços, eventos...) e de forma alguma falo isso como um observador. Somos parte disso e, portanto, também temos parte dessa culpa.

Mas tenho minhas dúvidas se isso se restringe a Salvador. Na verdade, acho que é uma parada em nível nacional. Mas, como em toda crise, algumas coisas bastante positivas têm acontecido: apesar de poucas, as bandas que vêm surgindo são bem legais; o pessoal de cidades próximas como Simões Filho e Cruz das Almas tem se movimentado; o Toma Na Cara é outro exemplo; e o fato de que esse ¼ sobrevivente que mencionei acima ama o hardcore e é cabeça dura o bastante pra continuar acreditando e realizando algumas coisas, por menores que sejam. É como diz uma grande banda aí: “Veja, eles ainda acreditam em se unir, lutar, ganhar, poder...”


Carol: Para mim as pessoas cansaram de arriscar. Elas sentiram o peso da responsabilidade de estudar, do trampo, da família e me parece que os modelos que não cabiam muito para juventude não seguraram as pessoas no hardcore quando elas começaram a crescer. Isto é geral, e Salvador não fugiu disso. A força do capitalismo juntamente com a não atratividade do que o hardcore se tornou para muitos. Ninguém conseguiu definir o que queria com isso, por que ao mesmo tempo em que parou de ser atrativo, muitos começaram a se aproximar de coisas que eram totalmente distantes disso. Salvador sempre teve uma fama de ter uma cena forte por que era política, misturada e ativa e hoje em dia, muito longe disso... A Lumpen ainda era o grande reflexo disso, o restante está se satisfazendo apenas em fazer uma gravação foda, viajar, enfim... é legal, mas é pouco! Mas quem tá correndo no hardcore vai continuar correndo em qualquer lugar... Enquanto isso continuo fortalecendo o que dentro disso tudo, sinto que é nosso!


10. “Natureza é conflito, sociedade é submissão”, no encarte de vocês consta essa citação de uma música da banda curitibana Colligere, perguntar se é uma influência é totalmente desnecessário, mas quais são as outras influências da banda?


Fernando: Como influências musicais mais diretas, acho que podemos citar Umläut, Catharsis, Dub Trio, Remains of the Day, Escato, Black Sabbath, Converge, Municipal Waste e mais uma porrada de coisas. Todo mundo na banda ouve muita coisa, de vários estilos, mas acho que essas são as que influenciam mais diretamente.

Carol: Uma questão de gênero, ahahaha: Makiladoras, Walls of Jericho, Abuso Sonoro, Clangor, Triste Fim de Rosilene, Anomie, Crisis...


11. Eu e meu amigo, também colaborador do Tomanacara, Dill temos uma opinião de que a “cena” de Salvador se divide em “I wanna be cult” e “Extremuxos”. A Egrégora não se enquadra nesses padrões, então qual o público da Egrégora?

Fernando: Acho que a gente ainda não tem um público definido e, na real, nem temos essa pretensão – no sentido de limitar a um determinado tipo de público. Quanto mais gente dos mais variados meios chegarem ao nosso som e à nossa mensagem, pra nós será ainda mais prazeroso. Nós nos conhecemos no hardcore e esse é nosso principal meio comum, mas todos na banda participam de outros tipos de público (é bem possível encontrar a gente em shows bem diferentes do tipo de música que fazemos) e achamos isso bastante positivo. Não queremos de forma alguma limitar o que fazemos a uma determinada cena, seja ela qual for. Acredito que a música e a mensagem que pode ser passada através dela são muito maiores do que esse tipo de coisa.



12. Na letra de “Vida Simples”, vocês falam sobre a busca de “Um só caminho...”. Qual seria esse caminho?


Fernando: O caminho que une o de todos os que buscam algo positivo, que buscam o bem, que seguem em seus caminhos com respeito e compreensão aos dos outros irmãos que estão em suas lutas diárias. É algo que remete à idéia de você se enxergar no seu irmão, de saber que, independente do tipo de música que você ouve, da sua cor, do esporte que você pratica, da sua preferência sexual ou de em qual local do planeta você mora, se você segue seu caminho em busca do bem, se você constrói seu caminho sem desrespeitar o do outro, nós seguimos juntos em um só caminho.

Carol e João: Um só caminho é um sentimento verdadeiro, não rola de falar da boca para fora, mesmo que faça, com certeza vai pensar pelos exemplos que Fernando deu acima, se de fato está de acordo com isso tudo. É isso, caminho é para percorrer, não existe ponto de chegada, o importante é não segregam é estar juntos, ser parceiras, colocar algumas diferenças de lado e unir outras. É você estar fazendo as coisas acontecerem com outras pessoas de maneira independente e para as próprias pessoas, um ajudando o outro.... É um estado de espírito... que seja positivo,né? ahahhaha


13. E quem quiser comprar o EP da Egrégora, onde acha?

Vixeee, espalhamos por alguns amigos pelo Brasil, tipo, Josimas e Lázaro (São Paulo), Pedro Catarro (Mossoró), Dani e Aquino (Aracajú), Juba Espinhos (Brasília). Aqui em Salvador (ou qualquer outro lugar que a gente venha a passar) podem pegar com a gente mesmo, nos shows principalmente, e também entrar em contato através de email, telefone, orkut... que a gente se acha. Seguem algumas formas de contato com a gente (seja pra adquirir a demo ou pra trocar uma ideia, conhecer mais, marcar shows, paquerar...):


Emails: fernandogomesft@hotmail.com; tulioxxx@hotmail.com; xpaulo_rangelx@hotmail.com; xgirl_pridex@hotmail.com

Comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=99653434

Myspace:
http://www.myspace.com/egregoratao



14. Fiquem a vontade para falar o que quiserem, e sobre o que quiserem.


Fernando: Primeiro, obrigado ao Toma Na Cara pelo convite, por ainda acreditar e pela diferença que têm feito. Valeu a quem leu a entrevista até aqui, a quem já se interessou pela banda de alguma forma e a todos que deram algum tipo de apoio à gente, seja lá como tenha sido.

Escutem música, o mundo precisa mais disso e tem muita coisa boa por aí.

Proteja os seus, aproveite ao máximo os momentos que são seus de verdade e odeie um pouco mais seu chefe (se parar pra pensar, você bem provavelmente verá que tem motivos pra isso).

Carol: Nossa! Obrigada de montão a Dudu e a galera do Tomanacara, valeu pela atenção de sempre e pelas perguntas interessantes que permitiram surgir pensamentos importantes. Isso aí, o meu espírito é que se tem algo bacana para fazer, vamos nos juntar, colocar algumas coisas de lado, estamos aê: Egrégora, Carol, enfim... na resistência, na luta diária dos nossos demônios, buscando equilíbrio e paz sempre!

O valeu de sempre aos meus compas de bandas; João, Túlio e Fernando, é muito forte estar tocando com eles, a galera que dá muita força para gente e tem gostado bastante do nosso som e as minha amigas de sempre que me dão a maior força: Lú, Pri e Dani. E a minha gata pirracenta, Nina Simone. Beijos a todas!


Entrevista cedida por xDudux do blog TOMANACARA.

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