segunda-feira, 9 de novembro de 2009

9 de novembro de 1989: o povo derruba o 'muro da vergonha'


O peso das pessoas literalmente derrubou, no dia 9 de novembro de 1989, o muro de Berlim, também conhecido como o "muro da vergonha", principal símbolo da guerra fria, que durante 28 anos marcou a ferro e fogo a vida dos berlinenses.

O muro, construído em agosto de 1961, foi a materialização da famosa imagem descrita por Winston Churchill quando, no final da década de 40, declarou que "uma cortina de ferro" tinha caído sobre o leste da Europa.

Essa fria noite de novembro pôs fim a um longo êxodo de alemães orientais, que se valendo os métodos mais diversificados, simples ou sofisticados, se lançaram durante 28 anos à aventura de cruzar o muro por cima ou por baixo: 239 pessoas morreram nessa tentativa e 4.000 conseguiram chegar ao lado ocidental.

A queda do muro de Berlim começou a ser gestada com a política de liberalização e reestruturação - glasnost e perestroika - lançada pelo então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Mikhail Gorbachov.

A abertura no mundo socialista impulsionou milhares de cidadãos da República Democrática Alemã (RDA) a marchar para a fronteira com a Hungria, cujas autoridades terminaram - em setembro de 1989 - a lhes dar passagem para a Áustria, onde lotaram a sede da embaixada da outra Alemanha, a República Federal (RFA), à procura de asilo: 51.500 pessoas conseguiram assim passar para o lado ocidental.

Enquanto a glasnost e a perestroika avançavam a grandes passos na Europa do Leste, a RDA de Eric Hoeneker - assim como a Romênia de Ceaucescu - resistia à mudança, apesar da pressão da própria Moscou.

A crise da RDA era grande: em todo ano de 1989 mais de 130.000 de seus cidadãos emigraram para a RFA, enquanto as manifestações, sem precedentes, se multiplicavam. Em outubro, Honecker foi suplantado por Egon Krenz.

No dia 4 de novembro, pelo menos um milhão de pessoas se reuniram em Berlim Oriental na maior manifestação de protesto na história da RDA. No dia 9 de novembro, as sentinelas que evitavam a queda das paredes de concreto cederam à avalanche humana.

Berlim era uma festa de alegria e emoção na qual correram rios de cerveja e champanhe. Os berlinenses do leste e oeste se abraçavam, choravam, riam e bebiam para celebrar a reunificação da antiga capital alemã, e a conseqüente reunificção do país que tinha se dividido depois da derrota de Hitler na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A demolidora contraofensiva do Exército Vermelho de Stalin tinha ocupado boa parte da Europa do Leste, chegando às portas de Berlim em abril-maio de 1945. A União soviética impôs regimes comunistas em todos os países controlados por suas tropas: Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, Romênia e Bulgária, enquanto a Iugoslávia criou seu próprio sistema sob o marechal Josif Broz "Tito".

Depois do fim da guerra, foi dividido o que restava da Alemanha de Hitler em dois Estados (RFA e RDA) e sua capital, Berlim - que ficou dentro da RDA - foi dividida na conferência de Postdam em quatro setores de influência controlados pelas quatro potências vencedoras: Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética.

Os soviéticos saíram em 1948 da comissão interaliada que controlava a cidade, e interceptaram as comunicações entre os setores aliados de Berlim e o restante da Alemanha, obrigando os Estados Unidos a criarem uma ponte aérea para abastecer a cidade durante um ano.

Na noite de 12 a 13 de agosto de 1961, o governo soviético de Berlim começou a construir o muro para cercar a parte ocidental da cidade com a justificativa de deter a 'invasão" de "espiões e sabotadores" na RDA, mas que na realidade tratava de por fim a um êxodo maciço de alemães-orientais que fugiam da miséria e do totalitarismo. Desde 1945, três milhões de alemães-ofientais haviam escapado para o ocidente.



Fonte: AFP

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