quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PERSÉPOLIS


Teerã, 1979. Marji, uma menina nascida em uma família moderna e politizada, é testemunha da Revolução Popular (posteriormente conhecida como Revolução Islâmica) que derrubou o Xá Reza Pahlevi e instaurou uma teocracia retrógrada e autoritária, comandada pelo então Aiatolá Khomeyni, especialmente no que diz respeito às mulheres. Aos dez anos, ela se viu de repente obrigada a usar o véu e estudar separada de seus amigos meninos. Alguns parentes e amigos fogem do país, outros antigos opositores do Xá são mortos pelo novo regime, explode a guerra Irã-Iraque. Por viver num meio tão repressivo e sem perspectiva, e por pensar demais, e em voz alta, seus pais mandam Marji para o exílio na Áustria aos catorze anos, onde ela vive as transformações, alegrias e decepções da adolescência, mas com um problema: sua família não está lá para apoiá-la. Após quatro anos, ela volta para o Irã e descobre o que já temia: ela era uma estrangeira na Áustria e agora, uma estrangeira em seu próprio país.
Após permanecer alguns anos em Teerã, onde estudou Belas Artes, Marjane se muda definitivamente para Paris em 1994, para concluir seus estudos. Foi então que ela começou a desenhar “Persépolis” a seus amigos franceses, para contar sua história. A série foi muito bem recebida: vendeu 400 mil exemplares só na França, e foi licenciada em vários países, inclusive no Brasil: a Cia. das Letras lançou os quatro volumes, e depois os reuniu num volume único, “Persépolis Completo” (aqui eu fico com pena de quem comprou todos os volumes e gastou mais de 100 reais, já que a compilação custa só 39 reais!), que é o scan que postei aqui.

Baixe a HQ completa AQUI




Baixe a animação:
Parte 01
Parte 02
Parte 03
Parte 04

Créditos: F.A.R.R.A. again!


Tanto sucesso rendeu uma excelente animação, tão simples e por isso mesmo tão brilhante, que realça ainda mais o sentimento de cumplicidade de Marjane com o público, de como ela se abre ao narrar sua trajetória. O filme foi contemplado com o Prêmio especial do Júri no Festival de Cannes de 2007 e foi escolhido pelos espectadores da Mostra Internacional de São Paulo, junto com “Na Natureza Selvagem”, o melhor filme da seleção. Foi indicado oficialmente pelo governo francês para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas foi ignorado, permanecendo somente na catgoria Melhor Animação. E foi duramente criticado pelo governo iraniano (óbvio), que recebeu uma resposta formal do Júri de Cannes: o festival é independente e não cede à pressões de nenhum tipo (viva a democracia!)
Hoje é fato que Marjane Satrapi é persona non grata no Irã, mas uma coisa é certa: ela não fez cinema francês, nem iraniano. Fez cinema, e de primeira qualidade. Sua obra consegue ser, ao mesmo tempo, triste e divertida, real e fantasiosa, intimista e universal.

Bom, baixem e tirem suas conclusões. See you next time!

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